Évora acolhe exposição de Lev Manovich que junta arte e revolução tecnológica
A revolução tecnológica na arte e nos ‘media’ graças às novas ferramentas proporcionadas pela Inteligência Artificial (IA) é abordada na exposição “Unreliable Memories”, de Lev Manovich, a inaugurar em Évora, no dia 18 deste mês.
A mostra do artista russo, que reside nos Estados Unidos da América (EUA) desde 1980, vai poder ser visitada no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), com entradas gratuitas.
Em comunicado, a FEA explicou que, ao longo de sua carreira, este artista “explorou o impacto das novas tecnologias nas artes visuais”.
Além de ter escrito “muitos livros e artigos sobre o tema”, criou igualmente “projetos de arte que foram exibidos em 120 exposições em todo o mundo, em locais que incluem o Centre Pompidou (Paris), o ICA de Londres, o museu KIASMA, o ZKM e a Bienal de Arte de Xangai”, pode ler-se na nota de imprensa.
Contactado pela agência Lusa, o diretor do Centro de Arte e Cultura da FEA e curador desta mostra, José Alberto Ferreira, revelou que, nesta iniciativa em Évora, vão ser apresentados vários projetos do artista.
Os projetos, segundo o próprio Lev Manovich, citado pela FEA, “abordarão, de diferentes maneiras, um único tema — ‘unreliable memory’ [memória incerta ou duvidosa, na tradução do inglês], pois, as próprias memórias pessoais são muito seletivas”.
“Recordamos umas coisas e outras não” e, “muitas vezes, falta detalhes e precisão visual” a essas mesmas memórias, de acordo com o artista.
Em exposição em Évora vão estar “sete séries de imagens digitais geradas com ferramentas de IA, a maioria desenvolvidas especificamente para esta exposição”, disse.
“E cada série tem um tema, inventado pelo autor, como uma autobiografia fingida”, adiantou.
Uma das séries, segundo o curador, “é sobre a guerra e foi feita antes de começarem estas guerras [da Rússia na Ucrânia e de Israel na Faixa de Gaza], o que lhe dá hoje um sentido mais relevante, mais premonitório”.
Outras das séries das imagens “geradas por computador graças a ferramentas de IA” são, por exemplo, “sobre as cidades, sobre uma biblioteca inexistente ou de desenhos”, exemplificou também.
Os únicos trabalhos que não foram criados especificamente para a mostra em Évora, mas que vão ser mostrados ao público pela primeira vez, são “algumas das primeiras obras de Manovich sobre papel (1981-1985)”, assinalou a FEA.
José Alberto Ferreira argumentou que “a criação artística, sejam quais forem as ferramentas, visa confrontar o Homem consigo próprio”.
“Usamos a arte para pensarmos em nós, na Humanidade, e este não é um momento diferente. Utilizamos o computador para isso mesmo”, vincou, referindo que, na exposição, o artista questiona, precisamente, “que horizontes são estes, que possibilidades de futuro, de criação e de interrogação sobre a Humanidade”.
De acordo com a FEA, que não indica a data do final da exposição, Lev Manovich “é um teórico da cultura digital, escritor e artista”, tendo o seu trabalho tido “um impacto profundo” na forma como se pensa hoje sobre os meios de comunicação e a tecnologia.