Exposição ‘Lightopia’: a utopia da Luz

por Sara Camilo,    1 Setembro, 2016
Exposição ‘Lightopia’: a utopia da Luz
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No antigo Museu da Electricidade, e agora Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), visitámos uma das exposições mais promissoras, de seu nome Lightopia.

É uma exposição que traz de volta o questionamento da “Luz” enquanto ferramenta estética e prática, sendo parte de um dos elementos mais importantes na história do Homem e da civilização.

A exposição conta-nos a forma como a luz (eléctrica) revolucionou o pensamento e a forma de estar assim como a sua capacidade em proporcionar inúmeras experiências a nível sensorial, mental, científico e tecnológico, que continuam a evoluir até aos dias de hoje.

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Uma exposição com curadoria de Jolanthe Kugler, apresenta-nos 300 obras incluindo peças do Vitra Design Museum e torna evidente a forma como a luz se tornou rapidamente omnipresente nos dias de hoje. Parece ser um dado adquirido e ter luz natural ou artificial parece ser uma necessidade, tal como respirar, ao mesmo tempo que, ter luz é tão ‘comum’, que o ser humano nem nota que a tem.

Por isso, esta exposição atravessa connosco uma viagem inesperada a diferentes polos da luz na vida do homem. Numa primeira parte ficamos na contemporaneidade e na forma como a luz se torna numa adição essencial, observamos obras sobretudo de Joseph Beuys e Ingo Maurer.

A segunda parte foca-se na luz não enquanto uma necessidade, mas como uma opção estética. Aqui surge o design e a arquitectura dos equipamentos de luz. Eleva-se a ideia que se a luz tem que existir, então é bom que saia de um objecto com aparência sublime. Daqui resultam candeeiros e outras peças de luz, com todo o tipo de linhas, formatos e cores, quase todas elas excêntricas e vaidosas.

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A terceira parte evolui para aquilo que a luz é capaz de criar, cria movimento,formas, espaços , cores. Uma das partes mais importantes da exposição, onde encontramos diferentes sensações e sentimentos, diferentes perspectivas, e diversas formas de ver um espaço com diferentes ângulos e pontos de luz. É nesta mesma parte que  se inclui a criatividade da luz, a luz é capaz de contar uma história, de intensificar um sentimento, e de descobrir uma sensação. Algumas artes utilizam a luz (natural ou eléctrica) como elemento sinestésico e criador, como é o caso do cinema, o teatro, a arquitectura, a fotografia ou, de forma indirecta, o design e a pintura.

Aqui entramos dentro de um pequeno espaço formado por três conjuntos de luzes fluorescentes com cores distintas, RGB, ou seja, RED GREEN BLUE, numa sala tripartida onde encontramos lâmpadas fluorescentes destas cores. Nos cantos opostos encontramos as cores verde e azul sendo que no meio encontramos o vermelho. É importante esta forma descontraída de experimentar a luz, experimentar as variantes e os efeitos que a luz provoca na arquitectura, na pele humana, na cor da roupa, etc. Esta é a parte da exposição que permite ao espectador “criar”, experienciando a cor.

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A quarta e última parte da exposição deixa-nos ficar com uma era mais experimentalista da luz, apresenta-nos desafios do design e da arquitectura, mostra-nos a ideia da luz para um futuro próximo. A evolução dos equipamentos de luz, e da própria luz enquanto elemento criativo que afecta o mundo e a mente. É nesta fracção da exposição que encontramos várias formas de tratar a luz.

Lightopia torna-se assim na utopia da luz. Esta luz eléctrica tornou possível muitas coisas como por exemplo a visão de uma cidade à noite onde aquele infinito de luzes parece ser um respirar de espetacularidade ao qual a maioria de nós está tão habituado que nem vê. Antigamente ter uma luz mínima dada pela chama das velas era já algo bastante peculiar. Ninguém consegue hoje em dia imaginar um mundo sem luz.

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Destas 300 obras pelas quais passámos, conhecemos obras de Gino Sarfatti, WilhelmWagenfeld, Achille Castiglioni e Ingo Maurer, e outros artistas que destacamos como Joris Laarman, Daan Roosegaarde, Olafur Eliasson, Troika, ou Chris Fraser.
É uma exposição que vale a pena, principalmente pela história que nos deixa a conhecer e também pela peculiaridade da luz, pela sua narrativa luminosa e por tudo que a torna tão especial. A exposição Lightopia encontra-se aberta até dia 4 de Setembro no MAAT.  

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