Festival da Canção 2020: inovar é a palavra de ordem
Já são conhecidos os primeiros detalhes do Festival da Canção 2020, divulgados esta quarta-feira (15) pela emissora oficial, RTP. Nos dias 22 e 29 de fevereiro, os 16 músicos selecionados irão competir por um lugar na final do concurso, agendada para 7 de março.
A conferência de imprensa organizada pela estação relembrou os mais de 50 anos de história do festival. De momento, o foco reside em inovar o máximo possível, de modo a apelar às novas gerações. Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração da RTP, reforça o estatuto do festival como “um dos casos mais bem-sucedidos da RTP em termos de reinvenção e de modernização de uma marca”.
“O Festival da Canção era algo [presente] no imaginário dos portugueses […] com uma carga histórica, com uma carga […] até institucional. E, nos últimos anos, o que a RTP tem feito é, no fundo, modernizar, [através de] uma visão contemporânea, uma visão pop, uma visão de inovação”, refere.
Todavia, a sede de reformular não implica uma perda de rumo. A prioridade continua a consistir na glorificação do talento musical português, tarefa que exige a cooperação de especialistas por trás das câmaras. “É um trabalho que não se faz sozinho. Faz-se integrado numa comunidade da música portuguesa, de intérpretes, de consultores, … – de pessoas que pensam a música”, conclui Reis.
Vontade de fazer história
O novo ano trouxe o desafio para o centro do país. Elvas é a cidade escolhida para receber o evento, no seguimento de paragens por Guimarães (2018) e Portimão (2019). A preferência reflete, nas palavras da apresentadora Inês Lopes Gonçalves, a “aposta contínua da RTP em descentralizar”, algo que Nuno Mocinha, presidente da Câmara da região, encara com otimismo.
“É uma alegria enorme juntar Elvas à RTP e fazermos este festival da canção, como sabem, o ponto máximo da canção portuguesa”, afirma Nuno.
A parceria entre a estação pública e Elvas, distinguida como Património Mundial da Humanidade, nomeia o Coliseu Comendador Rondão Almeida enquanto espaço de festividades. Todos os esforços apontam para uma edição memorável, onde a cultura popular e a arte coexistirão. “Juntamos não só a nossa história. […] Vamos também fazer história”, refere.
O entusiasmo parece transcender a equipa de produção, sem esquecer os apresentadores destacados para conduzir o festival. Tânia Ribas de Oliveira e Jorge Gabriel encarregam-se da primeira semi-final, passando o testemunho a Carlos Malato e Sónia Araújo, responsáveis pela apresentação da segunda ronda. Filomena Cautela e Vasco Palmeirim irão encerrar o programa das festas, sempre na companhia de Inês Lopes Gonçalves na mítica greenroom.
Para Tânia, o prazer em participar no evento não poderia ser maior, devido ao inegável contributo “que [o Festival da Canção] tem na música do nosso país”. Sem dúvida que “vai ser um 2020 em grande”, com os anfitriões, segundo Palmeirim, dispostos a trazer “um novo sangue a este festival que ao longo dos tempos tem-se renovado muitíssimo bem”.
Por fim, Gonçalo Madaíl, membro da direção de programas do canal, encerra a listagem de novidades ao realçar a importância da pluralidade e companheirismo entre as verdadeiras estrelas do festival: os intérpretes.
“É, mais uma vez, uma lista de candidatos muito diversificada que demonstra, também, que a música portuguesa tem muitos territórios, muitos espaços, muitas linguagens e muitas gerações”, afirma.
No Festival da Canção, a diferença converte-se em união pelo poder dos poucos complexos e do amor pela musicalidade. Ao longo dos anos, tem-se sentido um “ambiente fantástico […] entre os artistas nos bastidores, [mediante] manifestações lindíssimas de solidariedade, amizade e descompressão”, conclui Madaíl.
A lista completa de concorrentes e respetivas músicas pode ser consultada aqui. As restantes atualizações prévias ao evento incluem, ainda, o alinhamento ordenado das atuações. Mais uma surpresa da tão aguardada edição que luta pelo estatuto de “radiografia do momento contemporâneo”.
Este artigo foi escrito por Matilde Dias e originalmente publicado em Espalha Factos.