Festival Semibreve. A música eletrónica exploratória e a arte digital chegam a Braga esta semana
Com bilhetes quase esgotados, a 12ª edição do festival tem início esta quinta com um concerto que junta Félicia Atkinson a Violeta Azevedo na Basílica do Santuário do Bom Jesus do Monte. Até domingo, Braga é capital da música eletrónica exploratória e da arte digital.
Theatro Circo, gnration, Basílica do Bom Jesus do Monte, Capela Imaculada do Seminário Menor, Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, Museu Nogueira da Silva e Mosteiro de Tibães são os espaços que acolhem mais uma edição do festival de música eletrónica e arte digital Semibreve, que decorre em Braga de quinta a domingo. O programa deste ano apresenta concertos e DJ sets, instalações, conversas, workshops e ainda uma área que permitirá ao público experimentar sintetizadores modulares e outros instrumentos eletrónicos.
Depois de um concerto inaugural na edição de 2021, o festival regressará novamente este ano à Basílica do Santuário do Bom Jesus do Monte, icónico local da cidade dos arcebispos e declarado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2019. A abertura do festival caberá à francesa Félicia Atkinson, artista visual, compositora, poeta e fundadora da editora Shelter Press, que apresentará um espetáculo colaborativo com a artista e flautista portuguesa Violeta Azevedo. O concerto resulta de uma encomenda do festival em parceria com o festival francês Maintenant e acontece esta quinta-feira, às 21h30.
O programa de concertos da edição de 2022 apresenta performances por Alva Noto, um dos nomes da música eletrónica mais esperados em Portugal, Caterina Barbieri, que está de regresso ao festival após se ter tornado num dos grandes nomes da música eletrónica da atualidade, KMRU, a descoberta dos últimos anos, Jan Jelinek, que atuará no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, François J. Bonnet e Stephen O’Malley, Maxwell Sterling (com Stephen McLaughlin), Lea Bertucci & Ben Vida, David Maranha, e ainda estreias mundiais a cargo de Drumming GP & Burnt Friedman e Malcolm Pardon, este que se apresentará na Capela Imaculada do Seminário Menor, singular espaço da arquitetura contemporânea religiosa. O programa deste ano marca também um regresso ao gnration e às já míticas noites dedicadas à música de dança. O espaço acolherá Jana Rush, Gábor Lázár, BLEID, e um showcase que celebrará os 10 anos da editora portuguesa Príncipe Discos, com DJ Marfox, DJ Kolt e Xexa.
O festival terá também uma série de conversas centradas em alguns dos artistas presentes na edição deste ano. A editora Príncipe Discos e os músicos Stephen O’Malley e François J. Bonnet são os artistas em foco, com conversas moderadas, respetivamente, pelo jornalista e radialista português Rui Miguel Abreu e Bartolomé Sanson, cofundador da editora Shelter Press. A primeira decorrerá no gnration, ao final de tarde de sexta-feira, e a segunda no início da tarde de sábado, no Museu Nogueira da Silva.
A edição deste ano propõe também um workshop com Félicia Atkinson e Violeta Azevedo. “The Ears of the Park” decorrerá no Mosteiro de Tibães e desafia os participantes a desenvolveram uma escuta ativa na mata do mosteiro e observarem o ambiente que os envolve enquanto desenham escrevem ou gravam uma possível partitura/quadro para a sua própria composição. Os bilhetes para o workshop são limitados e estão à venda no site do festival.
Em parceria com a Patch Point, loja e estúdio focado na produção de novos tipos de instrumentos eletrónicos, o festival apresentará a “Patch Point Synthesizer Lounge”, um espaço que convida o público à experimentação e audição de diferentes tipos de sintetizadores, assim como outros instrumentos destinados à criação de música eletrónica. Terá lugar no gnration, de sexta a domingo.
Numa edição novamente a caminho de esgotar, o festival tem à venda os últimos bilhetes diários para as noites de sexta e domingo no Theatro Circo, tendo já esgotado os ingressos para o gnration, passes-gerais e diários para sábado no Theatro Circo.
Organizado desde 2011 pela AUAUFEIOMAU, com o apoio da Câmara Municipal de Braga, o festival Semibreve afirmou-se como um evento incontornável no panorama da música eletrónica exploratória nacional e internacional da última década. Ao abrigo de programas pensados a partir das especificidades locais e patrimoniais da cidade de Braga, respeitando princípios de inclusão, diversidade e comunidade, o Semibreve apresentou, ao longo dos anos, espetáculos, encomendas e instalações por alguns dos mais relevantes artistas da atualidade, mantendo igualmente um papel ativo da promoção da arte digital no Norte de Portugal.
Artistas russas apresentam instalação que facilita protestos de oposição ao regime russo
Coordinatedº, trabalho colaborativo entre as artistas russas Angelina Kozhevnikova (Animaspace) e Arina Kapitanova, é o vencedor da edição 2022 do Edigma Semibreve Award, prémio que visa celebrar e promover a criação de trabalhos que explorem a interatividade, o som e a imagem suportados através da utilização de tecnologias digitais.
Premiada internacionalmente, e pela primeira vez exposta em Portugal, a peça procura ajudar os protestos dos manifestantes da oposição ao regime russo, deturpando a sua localização através da utilização de drones codificados e evitando que estes sejam detidos pelas autoridades. Um trabalho singular e atual que estará em exposição no salão nobre do Theatro Circo.
O programa expositivo do festival contempla ainda quatro trabalhos de Media Art selecionados juntos das instituições portuguesas de ensino através do Edigma Semibreve Scholar, programa criado pelo festival para incentivar a criação de trabalhos artísticos no contexto académico. No festival estarão presentes trabalhos de alunos da Universidade Católica Portuguesa – Escola das Artes, Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Universidade do Minho.