Festival Semibreve celebra 10 anos e está de volta a Braga

por Comunidade Cultura e Arte,    18 Outubro, 2020
Festival Semibreve celebra 10 anos e está de volta a Braga
Mosteiro de São Martinho de Tibães / Fotografia de Adriano Ferreira Borges – Semibreve
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No ano em que assinala dez edições, o festival de música eletrónica e arte digital Semibreve foi forçado a alterar os planos, adiando o programa inicialmente preparado para 2021 e apresentando em 2020 um programa alternativo. A partir da ideia de reclusão, o Semibreve 2020 apresenta um programa pensado para ser usufruído à distância, mas sem descurar a participação da comunidade na qual se insere. No fim de semana de 24 e 25 de Outubro, o festival apresentar-se-á em duas dimensões: virtualmente e para todo o mundo, através de um programa integralmente exibido no seu sítio oficial, e no Mosteiro de São Martinho de Tibães, monumento nacional construído no século XVII, para a comunidade local.

Através de um programa disponibilizado gratuitamente, o festival apresenta obras sonoras especialmente encomendadas para a ocasião, mesas redondas com temáticas que visam discutir música, arte sonora e os dias que vivemos, instalações audiovisuais, performances filmadas, residências artísticas e ainda um workshop que ensinará famílias a fazer música concreta.

Nik Void / DR

Considerado como um dos melhores festivais europeus do género pela imprensa especializada, o festival que decorre na Cidade Criativa da UNESCO para as Media Arts afirmou-se ao longo de nove edições como um evento incontornável no panorama da música eletrónica nacional e internacional, proporcionando espetáculos de alguns dos artistas mais relevantes da atualidade no domínio da música eletrónica e contribuindo para a divulgação de produção científica no campo das artes digitais produzida por instituições nacionais de referência.

O festival é organizado pela AUAUFEIOMAU, tem direção artística por Luís Fernandes e conta com o apoio da Câmara Municipal de Braga.

Semibreve 2020 — edição alternativa

Para a reformulação da sua décima edição, o SEMIBREVE desafiou alguns dos mais estimulantes artistas nacionais e internacionais da atualidade para desenvolverem novos trabalhos para apresentação exclusiva no festival. Ana da Silva, portuguesa fundadora da icónica banda dos anos 70 The Raincoats, Beatriz Ferreyra, compositora argentina pioneira da música eletrónica, Jessica Ekomane, artista sonora francesa e produtora de música eletrónica, Jim O’Rourke, respeitado produtor e músico norte-americano de culto único, Kara-Lis Coverdale, atual compositora e produtora de música eletrónica que mais atenção tem vindo a merecer nos últimos tempos, Keith Fullerton Whitman, conceituado músico e produtor norte-americano de eletrónica, e Tyondai Braxton, compositor e músico, outrora membro e fundador do grupo Battles e filho do lendário saxofonista free-jazz norte-americano Anthony Braxton, vão apresentar obras inéditas que vão estar disponíveis via streaming no website do festival e em formato instalação no Mosteiro de Tibães.

Laurel Halo / Fotografia de Phillip Aumann

A partir das restrições impostas pela pandemia, o SEMIBREVE apresentará também um programa de conversas que traçará pontes com a criação contemporânea nos domínios da música eletrónica e arte sonora, abordando ainda o contexto atual e pandémico. David Toop (músico e escritor),  Jessica Ekomane (compositora) e José Alberto Gomes (músico, artista sonoro e curador) vão conversar sobre o binómio Presencial vs Virtual; Chris Watson (artista sonoro), Nuno da Luz (artista) Margarida Mendes (artista e curadora) e Raquel Castro (investigadora e programadora cultural) vão abordar a relação entre Som e Ecologia; José Moura (Príncipe Discos/Holuzam), Mike Harding (Touch), Nkisi (Axis Arkestra/ax-NON worldwide) e Isilda Sanches (jornalista) conversam sobre uma nova lógica editorial pós-pandémica; e Nik Void (música), Alain Mongeau (MUTEK), Pedro Santos (Culturgest) e Gonçalo Frota (jornalista) discutem as implicações da pandemia na lógica performativa da música eletrónica
As quatro conversas moderadas vão ser transmitidas em direto a partir do website do festival e abertas a um número reduzido de público no Mosteiro de Tibães.

Aproveitando o contexto e ideia de reclusão, o SEMIBREVE convidou artistas a criar, integrando um programa de residências artísticas que vão decorrer no Mosteiro de Tibães nos dias que antecedem o festival. Klara Lewis, aclamada compositora sueca de música eletrónica, Laurel Halo, compositora norte-americana de eletrónica e um nome forte da mais recente vaga de compositoras femininas, Nik Void, compositora britânica também conhecida pelo seu trabalho com Factory Floor, Oliver Coates, compositor, violoncelista e produtor britânico, e Pedro Maia, realizador e artista visual português, vão desenvolver novos trabalhos a partir da freguesia de Mire de Tibães, em Braga.

Um conjunto de performances vão ser filmadas previamente e transmitidas durante o fim de semana do festival, com exibição no próprio Mosteiro em formato screening e também no website do festival. Resultante de uma parceria com o Canal 180, Gustavo Costa, músico português, Klara Lewis, Laurel Halo e Oliver Coates vão atuar, sem público, na impressionante Casa do Volfrâmio, localizada na mata do Mosteiro de Tibães.

Mosteiro de São Martinho de Tibães / Fotografia de Adriano Ferreira Borges – Semibreve 

O Mosteiro de Tibães acolherá também a apresentação de um programa de instalações vencedoras da parceria do festival com a empresa EDIGMA, empresa portuguesa líder no desenvolvimento de experiências interativas, tecnologia multi-toque e projetos de digital signage. Vencedores do Edigma Semibreve Award 2020, prémio que pretende premiar e estimular a criação artística digital, dando especial atenção a projetos artísticos que recorram à interatividade, ao som e à imagem, os artistas alemães Merani Schilcher e Vinzenz Aubry apresentam “Unknown Territories – Searching for Islands”, instalação interativa que identifica ilhas a partir de formas de areia criadas pelos utilizadores

No âmbito do Edigma Semibreve Scholar, prémio que incentiva a criação artística na comunidade de estudantes do ensino superior, Francisco Leal e Luís Ventura apresentam “Randomofone”, Diogo Borges, João Maia e Silva, Miguel Moreno e Olívia Silva vão dar a conhecer “Dancing about Architecture”, e Francisco Oliveira e Mariana Vilanova a instalação “Hiato”.
Todos os trabalhos vencedores serão documentados e apresentados de igual forma no website do festival. 

Em parceria com o Circuito, programa de Serviço Educativo da Braga Media Arts, o Semibreve apresentará um workshop de música concreta destinado a famílias. O workshop de correrá nas manhãs de 24 e 25 de Outubro no Mosteiro de Tibães. 
O acesso físico ao Mosteiro de Tibães implicará a compra do seu bilhete normal, com o valor de 6 euros, adquirido a partir do website do festival, e que reverte para o Mosteiro de Tibães. A entrada estará sujeita à capacidade definida pelas autoridades de saúde, bem como às regras de higiene e distância social impostas pela COVID-19. Cada visitante poderá visitar o Mosteiro e experienciar o programa durante um período de duas horas. 

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