Filme “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, arrecada principais Prémios do Cinema Europeu

por Lusa,    8 Dezembro, 2024
Filme “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, arrecada principais Prémios do Cinema Europeu
“Emilia Pérez”, de Jacques Audiard
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O filme “Emilia Pérez” do realizador francês Jacques Audiard foi o grande vencedor da 37.ª edição dos Prémios do Cinema Europeu, arrecadando quatro principais galardões anunciados ontem, numa gala realizada em Lucerna, na Suíça.

A longa-metragem – um misto de suspense com musical que aborda a história de um traficante de drogas que muda de sexo – conquistou os prémios de melhor filme, melhor realizador, melhor argumento e melhor atriz, para a espanhola Karla Sofía Gascón.

Entre os nomeados estavam a curta-metragem “2720”, do realizador luso-suíço Basil da Cunha, e a coprodução portuguesa de animação “Mataram o pianista”, dos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, que ficaram fora do palmarés.

Apesar de Audiard se ter deslocado a Lucerna, não conseguiu estar presente na cerimónia devido a doença para receber os quatro prémios atribuídos ao seu filme, nas mesmas categorias para as quais estava nomeado “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar.

Na categoria de melhor ator, o vencedor surpresa da noite foi Abou Sangare, por “Souleymane’s Story”, a história de um imigrante guineense que vive em Paris.

Sangare venceu os dois favoritos: o britânico Daniel Craig, nomeado por “Queer” de Luca Guadagnino, que adapta o romance homónimo de William Burroughs, e Ralph Fiennes, pelo seu papel de cardeal em “Conclave”.

O documentário “No Other Land” ganhou o Prémio do Cinema Europeu nesta categoria e dois dos seus realizadores, o palestiniano Basel Adra e o israelita Yuval Abraham, apelaram, na cerimónia, à comunidade internacional para “impor um cessar-fogo” e pôr fim ao “genocídio” contra o povo palestiniano.

Adra e Abraham, numa ligação vídeo, expressaram a sua alegria pelo prémio, reconhecendo que é “muito difícil” celebrá-lo sob a ocupação e o sofrimento do povo palestiniano, que é “sistematicamente atacado e morto”.

A “comunidade internacional sabe disso”, afirmaram os realizadores quem juntamente com a israelita Rachel Szor e o palestiniano Hamdan Ballal, são responsáveis por este documentário que mostra a destruição da região de Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia ocupada por Israel.

O filme “Flow”, do realizador letão Gints Zilbalodis, ganhou o prémio de melhor filme de animação e a melhor curta-metragem foi “The Man Who Could Not Remain Silent”, de Nebojša Slijepčević (coprodução da Croácia, França, Bulgária, Eslovénia).

Estes prémios são uma iniciativa da Academia de Cinema Europeu e, nesta 37.ª edição, a atriz Isabela Rossellini recebeu um prémio de carreira e o realizador Wim Wenders o Prémio Lifetime Achievement.
O filme “2720”, do realizador luso-suíço Basil da Cunha – nomeado para o prémio de Melhor Curta-Metragem Europeia – cruza duas personagens: Camila, de 7 anos, que parte em busca do irmão desaparecido após uma rusga policial, e Jysone que, em liberdade após cumprir uma pena de prisão, percorre o bairro à procura de boleia para o emprego, refere a sinopse.

A curta-metragem venceu em fevereiro o prémio de Melhor Filme Europeu na 46.ª edição do Festival Internacional de Clermont-Ferrand, em França.
“Mataram o pianista” era candidato ao Prémio de Melhor Longa-Metragem de Animação e também ao Prémio de Melhor Filme Europeu, sendo uma coprodução que envolveu vários países, entre os quais Portugal com a produtora Animanostra.

O mote do filme é a vida trágica do pianista brasileiro Francisco Tenório Jr., considerado um dos nomes fundamentais da Bossa Nova, que desapareceu em Buenos Aires, em março de 1976, numa ocasião em que acompanhava Toquinho e Vinicius de Moraes num concerto.

O documentário tem como pano de fundo a música brasileira, em particular os primeiros anos da Bossa Nova, mas também aborda a “brutalidade dos regimes ditatoriais” que marcaram a América Latina nos anos de 1960 e 1970, lê-se na sinopse.

A Academia de Cinema Europeu, que atualmente é presidida pela atriz Juliette Binoche, já tinha anunciado a atribuição de prémios de excelência e de carreira, nomeadamente para a atriz italiana Isabela Rossellini, para o realizador alemão Wim Wenders e para a produtora macedónia Labina Mitovska.

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