Glassjaw, e a apoteose de uma longa espera

por João Estróia Vieira,    25 Junho, 2019
Glassjaw, e a apoteose de uma longa espera
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Eram perto das 20h30 quando Alex D’Alva Teixeira e o baterista Ricardo Martins começaram a tocar. Foi o quinto concerto dos Algumacena, refere Alex D’Alva, mais conhecido pela sua onda indie e não tanto pelo estilo post-rock que bebe de um estilo de música mais agressiva que está também nas raízes de D’Alva. Com o uso de samples e a poderosa bateria de Ricardo Martins, conhecido em projectos como Pop Dell’Arte ou Jibóia, os Algumacena deram o mote em crescendo, com músicas encorpadas e de mensagem apelativa com temas sociais na base de algumas delas.

De seguida, foi a vez dos setubalenses Ash is a Robot subirem ao palco. O “bicho de palco” Cláudio Aníbal não desiludiu e como sempre, aqueceu ainda mais os motores de uma plateia que se compunha cada vez em maior número. Apesar de alguns problemas técnicos, o currículo e a experiência dos seus elementos ultrapassou as condicionantes. Deu ainda tempo para o vocalista vir até meio do público cantar e incitar a um moche. As condições para os Glassjaw subirem ao palco estavam reunidas.

Há aspectos positivos numa espera. O sentimento é potenciado pela antecipação e, por não sabermos se tal hiato de tempo se repetirá – ou pior, se esse reencontro voltará a acontecer – temos tendência a absorver e a viver o momento com maior intensidade. Foi um pouco isso que se viveu no concerto de Glassjaw, este domingo, no Lisboa Ao Vivo. Pontuais, os membros da banda subiram ao palco de forma descontraída, mas foi Daryl Palumbo quem concentrou de imediato as atenções em si. De cerveja na mão e camisa garrida, era hora de dar as boas vindas à icónica banda de post-hardcore.

Reviveu-se adolescências e redescobriram-se algumas das primeiras referências musicais dentro do género, mas Glassjaw, como se não bastasse só pelo evento em si, traz uma benesse: a voz de Daryl amadureceu bem, e vem dar ainda maior qualidade (comparativamente ao som de estúdio) a músicas emblemáticas como “Ape dos mil”, “Pink roses”, “Mu empire” ou “Siberian kiss”, à medida que foi alternando também com músicas mais recentes da banda.

A conquista da organização em trazer a influente banda americana a Portugal foi em cheio. O post-hardcore provou estar vivo e de boa saúde à medida que a antecipação ao concerto foi fazendo o Lisboa Ao Vivo encher para cantar em uníssono alguns dos temas mais marcantes da banda. A espera foi longa, mas o encontro valeu a pena.

Fotografia da organizadora Amazing Events

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