God only knows what I’d be without you
Morreu esta semana uma lenda da música. Brian Wilson, compositor, produtor e alma criadora dos Beach Boys. Fundador de uma das maiores bandas de sempre, Brian Wilson foi muito mais do que um rosto de sucesso. Foi o arquiteto sonoro de uma geração, responsável por tornar os Beach Boys num marco do século XX.
A frase dita pelo realizador do documentário The Beach Boys, “Não haveria Beatles sem os Beach Boys”, pode parecer ousada à primeira vista. No entanto, ao considerarmos a época e a rivalidade atlântica entre as duas bandas, no mundo musical dos anos 60 até aos dias de hoje, compreende-se que talvez não seja um exagero. Paul McCartney, por exemplo, afirmaria publicamente que “God Only Knows” era a música mais bela alguma vez escrita.
O Pet Sounds, é provavelmente um dos álbuns mais geniais alguma fez feito, não só atendendo à época, mas pelas melodias e arranjos vocais complexos. Foi assim que Brian, construíu um álbum, com muito pensamento, mas também com experiências sensoriais e emocionais. Músicas que entravam à velocidade do sol no ouvido, que sentiam se coloridas, mas também profundas.
A sensibilidade de um álbum, Pet Sounds, quase clássica, mas que elevou o pop a um nível artístico nunca antes assistido, e adaptado à energia e inquietação da louca década de 60.
A influência dos Beach Boys, não parou nos anos dourados da música, ela ecoa até hoje, atravessando gerações e estilos musicais.
Um exemplo fascinante é o grupo Darlin’, formado em 1992 por Thomas Bangalter, Guy-Manuel de Homem-Christo e Laurent Brancowitz. O nome do grupo veio diretamente de uma canção da banda de Wilson. O Darlin’ pode ter sido breve, mas teve um impacto decisivo: Thomas Bangalter e Guy Homem-Christo dariam origem ao lendário duo Daft Punk.
Da Califórnia pop de Brian Wilson ao universo da música eletrónica francesa, a influência vai se sentido.
Inclusive, ao ouvir artistas como Panda Bear ou até mesmo os Animal Collective, é fácil reconhecer a forte inspiração sonora vinda da banda de Brian Wilson.
Ao ver o filme, “Love & Mercy”, uma coisa concluímos: Brian Wilson, foi um criador incansável. Um compositor/produtor que ouviu melodias onde mais ninguém as via.
O mundo perdeu um génio. E talvez seja mesmo assim que deve ser: “God only knows what we’d be without you”, Brian.