Governo português quer certificação de acessibilidade nos equipamentos culturais para pessoas com deficiência

por Lusa,    26 Junho, 2025
Governo português quer certificação de acessibilidade nos equipamentos culturais para pessoas com deficiência
Fotografia de Rob Laughter / Unsplash
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O Governo anunciou hoje que quer certificar os equipamentos culturais com um selo de acessibilidade para pessoas com deficiência e generalizar a atribuição de bilhete gratuito para acompanhantes.

Em comunicado divulgado hoje, o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto afirma que a certificação é para equipamentos culturais públicos e privados, “um selo 100% acessível a pessoas com deficiência, à semelhança do que já acontece no Museu Guggenheim [em Espanha] e no setor do Turismo”.

Entre os requisitos a cumprir para que tenham aquela certificação, os equipamentos culturais devem ter “rampas de acesso e casas de banho adaptadas, audiodescrição e programas em ‘braille’, interpretação em língua gestual portuguesa e legendas, coletes sensoriais para pessoas surdas”.

“O Governo também se compromete com a generalização do bilhete grátis para acompanhante de pessoas com deficiência que já existe, nomeadamente, nas salas geridas pela EGEAC em Lisboa e no Festival Bons Sons em Tomar”, lê-se no comunicado.

Nos últimos anos, várias associações têm chamado a atenção para a necessidade de melhoria das condições de acesso dos equipamentos culturais, como salas de cinema, teatros e museus, para pessoas com deficiência.

A associação Acesso Cultura, por exemplo, tem várias iniciativas para promover precisamente uma maior participação de pessoas com deficiência na vida cultural. Anualmente atribui prémios a projetos e estruturas que promovam boas práticas nesta matéria.

Num outro exemplo, em fevereiro passado, mais de vinte associações lançaram uma petição pública a exigir medidas concretas para que as salas de cinema sejam mais inclusivas, porque a experiência cinematográfica ainda está inacessível para vários públicos com deficiência.

O anúncio de hoje do Ministério da Cultura, Juventude e Desporto, liderado por Margarida Balseiro Lopes, acontece numa altura em que ainda deverá estar em vigor a Estratégia Nacional de Promoção da Acessibilidade e Inclusão dos Museus, Monumentos e Palácios (EPAI) 2021-2025.

Esta estratégia foi aprovada pelo executivo liderado por António Costa (PS) e estava na dependência da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e das quatro Direções Regionais de Cultura, organismos extintos e substituídos pela empresa Museus e Monumentos de Portugal (MMP), pelo instituto público Património Cultural e pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

A EPAI 2021-2025 propunha 90 medidas divididas por cinco eixos, nomeadamente sobre acessibilidade e inclusão nos museus, monumentos e palácios, programação acessível e inclusiva e participação das pessoas com deficiência.

Sobre acessibilidades, o mais recente diagnóstico divulgado pela MMP, datado de setembro de 2024, indica que apenas 42,1% dos mais de 30 museus, monumentos e palácios de tutela pública cumprem as normas e boas práticas de acessibilidade e inclusão.

De acordo com os dados divulgados pela MMP, 88% têm sanitários adaptados, 85% têm lugares de estacionamento para pessoas com mobilidade condicionada, mas só 67% têm rampas de acesso e 64% disponibiliza elevadores.

Nenhum dos museus e monumentos cumpre as normas e as boas práticas de acessibilidade e inclusão nas páginas oficiais na Internet e apenas 12% têm o serviço educativo adequado para pessoas com deficiência.

A Rede Portuguesa de Arte Contemporânea e a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses não têm dados coligidos divulgados publicamente.

Em comunicado, o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto lembra que, na área da Cultura, “há várias obras de requalificação focadas na acessibilidade”, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

Neste contexto, deu como exemplo o Museu Nacional de Conímbriga que “passará a ter, entre outras adaptações, sinalética em braille, uma aplicação móvel para pessoas cegas e surdas e bebedouros para cães-guia”.

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