Grada Kilomba inaugura maior exposição da artista em Espanha com “Opera to a Black Venus”

por Lusa,    18 Novembro, 2024
Grada Kilomba inaugura maior exposição da artista em Espanha com “Opera to a Black Venus”
Fotografia de Ute Langkafe
PUB

A mais completa exposição da artista Grada Kilomba realizada em Espanha, intitulada “Opera to a Black Venus”, que explora temas como memória, resiliência e narrativas pós-coloniais, é inaugurada quarta-feira no Museu Rainha Sofia, em Madrid.

A mostra da artista estará patente até março de 2025, reunindo uma seleção significativa da sua obra, com instalações de grande escala, videoinstalações e esculturas, comissariada por Manuel Borja-Villel, segundo o ‘site’ do museu madrileno.

Grada Kilomba, nascida em Lisboa em 1968 e radicada em Berlim, na Alemanha, combina psicanálise e filosofia no seu trabalho, desconstruindo narrativas hegemónicas e propondo um novo minimalismo pós-colonial, refere a informação sobre a exposição.

Na sua prática artística recorre a performances, leituras encenadas, vídeos e paisagens sonoras, abordando questões como “Que histórias são contadas?”, “Como são contadas?” e “Quem as conta?”.
A instalação vídeo “Opera to a Black Venus”, criada este ano e ainda em curso, ocupa o centro da exposição, constituindo a primeira parte de uma ópera contemporânea dedicada a uma figura mitológica, uma Vénus Negra que habita no fundo do oceano, “simbolizando um oráculo de narrativas esquecidas”.

Com esta nova criação, a artista pretende levar os visitantes “para uma paisagem futurista, onde o mar desapareceu, revelando histórias esquecidas”, de forma a “mergulhar em narrativas que cruzam o passado e o presente, num testemunho artístico de memória, identidade e resistência”, segundo o museu.

Na conceção da ópera, Grada Kilomba trabalhou com músicos, bailarinos e ‘performers’ de Lisboa, criando uma coreografia aquática ao som de ventos, vozes e piano improvisado, tocado pela artista e pela sua filha.

O resultado, segundo o museu, revela “uma reflexão sobre o oceano como um cemitério de vidas perdidas através do comércio de escravos, colonialismo, guerras e migrações forçadas”.

Outras obras emblemáticas serão também apresentadas, nomeadamente, “18 Verses” (2022), uma evocação sonora de um naufrágio, “Labyrinth” (2024), instalação têxtil que simboliza rotas de libertação, e “Compressed Time” (2024), que explora a justaposição entre memórias de injustiça e possibilidades futuras.

Estas instalações utilizam materiais como tecido, madeira queimada, pedra e vidro, conferindo uma dimensão física às reflexões de Kilomba, descreve o texto.

A mostra inclui ainda momentos marcantes da carreira da artista, como “Illusions Vol. I-III” (2017-2019), uma série de videoinstalações que reinterpretam mitologias gregas em contextos pós-coloniais, e “The Desire Project” (2016), onde palavras e percussão se transformam em narrativas visuais.

O trabalho de Kilomba já foi apresentado, entre outras, em certames de arte contemporânea como a Bienalsur, em Buenos Aires (2021), a 10.ª Bienal de Berlim (2018), a Documenta 14 (2017) e na 32.ª Bienal de São Paulo (2016).

Em 2023, foi cocuradora da 35.ª Bienal de São Paulo e, em 2024, recebeu a Cátedra Angela Davis na Universidade Goethe.

A sua obra integra, entre outras, coleções como a da Tate Modern, em Londres, a Rennie Collection, em Toronto, o International African American Museum, em Charleston, ou o Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.