Gregório Duvivier regressa a Portugal com a peça “Sísifo”. Lisboa, Porto, Coimbra e Águeda recebem o espectáculo

por Comunidade Cultura e Arte,    9 Novembro, 2022
Gregório Duvivier regressa a Portugal com a peça “Sísifo”. Lisboa, Porto, Coimbra e Águeda recebem o espectáculo
Fotografia de Pedro Bonacina
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No próximo dia 7 de Dezembro Gregório Duvivier (ler entrevista) volta a pisar os palcos portugueses. Depois da aclamação em 2019, o co-criador da Porta dos Fundos volta a Portugal para uma digressão de Sísifo.

Sísifo é um monólogo interpretado por Gregório Duvivier e escrito pelo próprio em parceria com Vinícius Calderoni, coautor e diretor da peça, que interliga a mitologia grega aos absurdos do quotidiano, do mundo digital à política brasileira.

Sísifo, a primeira colaboração cénica entre Gregorio Duvivier e Vinicius Calderoni, é uma investigação cénica de como transpor para o palco a linguagem do gif e do meme, pensar como a dramaturgia pode dar conta desta modalidade da comunicação que, com uma velocidade assustadora, se torna hegemónica no ocidente, moldando a cultura e o comportamento. Também é um espetáculo pensado como resposta artística a um momento histórico em que a desumanização domina a política e a inteligência artificial suplanta o calor dos corpos.

Fotografia de Elisa Mendes

Há uma evidente e estreita associação entre o aumento exponencial da intolerância e do desprezo pela alteridade com a crescente robotização do eleitor e do internauta, que passa a ser um repetidor de memes e notícias fake. Repetidores autómatos, não sabemos mais diferenciar o que é realidade, sonho, meme ou fake news. Sísifo quer tentar reestabelecer estas fronteiras, e, neste movimento, reestabelecer e reconstruir nossa própria sanidade mental.

Inspirado no mito grego de Sísifo – o homem que carrega diariamente a sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar tudo de novo por toda a eternidade –, o texto assinado pela dupla brasileira recria este mito e relaciona a mitologia grega com o caótico mundo globalizado e “híperconectado”, trazendo a palco temas contemporâneos e urgentes para falar e refletir, sobretudo sobre a condição humana. Não é, assim, uma recriação fiel da história que o mito veicula, mas sim uma inspiração norteadora, um leitmotiv que se apresenta como fio condutor dentro de uma peça livre, ensaística e essencialmente contemporânea. A escolha do mito de Sísifo parece ainda mais interessante quando posta em perspetiva porque parece ser, de algum modo, a matriz do teatro, a arte da repetição infinita, por essência.

Fotografia de Elisa Mendes

Albert Camus em seu célebre ensaio acerca do mito de Sísifo, Le mythe de Sisyphe, contraria as expectativas do senso comum e diz que imagina um Sísifo feliz dentro da sua tarefa eterna de carregar a pedra morro acima. Duvivier e Calderoni concordam e almejam construir, em Sísifo, um espetáculo em que a repetição teatral consiga fazer-nos sair do ciclo doentio de repetição patológica da realidade.

Em cena, o ator repete o mesmo movimento: caminha de um ponto a outro do palco. A cada início de uma nova cena, ele regressa ao ponto inicial, como num gif, formato de imagem altamente difundido no universo digital.

Se os memes e gifs são capazes de resumir uma situação às vezes complexa em apenas uma imagem, a ideia em Sísifo é de poder falar sobre temas bem diversos numa única cena, ou numa das travessias que Gregório faz pela rampa que ocupa o palco. Desta forma, as cenas apresentam um vasto panorama do caótico mundo contemporâneo, com todo o seu excesso de informação e tecnologia.

Fotografia de Elisa Mendes

Traduzido em 60 histórias muito curtas onde cabem personagens de todos os tipos, o texto vai da comédia à tragédia, passando pela poesia e pelo drama, recriando o mundo dos memes e dos gifs em palco numa analogia à história de humanidade, à vida contemporânea e ao contexto social e político do Brasil. Fake news, suicídio transmitido através da internet, influenciadores digitais e tragédias brasileiras como o assassinato de Marielle Franco ou o incêndio do Museu Nacional, são apenas alguns exemplos  dos vários temas abordados em Sísifo e brilhantemente retratados por Gregório Duvivier.

Com produção da H2N – Culture Connectors, produtora responsável pela Porta dos Fundos em Portugal, Sísifo regressa a Portugal no dia 7 de Dezembro ao Grande Auditório do CCB em Lisboa e passa depois no dia 8 de Dezembro pelo Teatro Sá da Bandeira no Porto, dia 9 de Dezembro pelo Convento de São Francisco em Coimbra e dia 10 de Dezembro pelo Centro de Artes de Águeda. A peça é para maiores de 12 anos e os bilhetes já se encontram à venda.

Bilheteira:

CCB, Lisboa (aqui)
Teatro Sá da Bandeira, Porto (aqui)
Convento de São Francisco, Coimbra (aqui)
Centro de Artes de Águeda (aqui)

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