Há que boicotar o Festival da Eurovisão

por Margarida Valença,    7 Maio, 2024
Há que boicotar o Festival da Eurovisão
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O Festival da Eurovisão é para muitos um dos mais momentos mais belos de celebração da música, alegria e diversidade. Foram muitas as canções que guardámos na nossa memória que dali tiveram origem, nomeadamente os ABBA da Suécia, onde hoje começa a primeira semi-final do Festival. Vivemos hoje num momento histórico marcado pela violência e a injustiça em tantas partes do mundo, e em especial na Palestina. Todos os dias somos confrontados com imagens perturbadoras que nos mostram a distância tão pequena entre a vida e a morte. Até agora contam-se cerca de 34.000 palestinianos mortos, como resultado da ofensiva do Estado de Israel, numa guerra cruel, vingativa e violenta.

Hoje é a primeira semi-final da Eurovisão, e a European Broadcasting Union tomou a decisão de proibir qualquer demonstração da bandeira da Palestina, enquanto Israel continua como um participante de pleno direito. A decisão de excluir um país do Festival não seria inédita. Em 2021 a Bielorússia foi banida do Festival devido às suas derivas antidemocráticas, e a Rússia em 2022 após a sua invasão à Ucrânia.

Hoje existe uma oportunidade histórica de usar a música ao serviço do amor, da paz e da justiça. É certo que já houve representantes de nove países, nomeadamente Portugal, que se pronunciaram para apelar a um cessar-fogo. Contudo, a participação num Festival que se diz apolítico, mas perpetua a opressão do povo palestiniano pela cobardia de manter o estado de Israel na competição enquanto proíbe bandeiras da Palestina, não deixa de ser cúmplice da violência que hoje assistimos.

Não há Eurovisão sem artistas. E se hoje assistimos ao curso de uma operação em Rafah que se espera ser um desastre humanitário, enquanto peritos da ONU encontram valas com vivos sepultados em Gaza, há que tomar posição. Há que ter coragem. Há que estar do lado certo da história. Há que boicotar o Festival da Eurovisão. Que seja usada a beleza da arte, o poder de ter voz, palco e microfone para lutar por um mundo com mais justo, com paz e amor.

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