Historiadores e antigos estudantes em conversa no Museu do Aljube sobre “Estudantes Contra a Ditadura – As Prisões de 1964 e 1965”
Desde 1964 que se abateu sobre a Universidade uma forte vaga repressiva levando à prisão de largas dezenas de estudantes.
Na madrugada de 21 de janeiro de 1965 foram presos pela PIDE dezenas de estudantes, na maioria universitários, mas também alguns liceais, acusados de atividades subversivas. As raparigas foram enviadas para a prisão de Caxias, os jovens foram encarcerados nos curros do Aljube, brutalmente torturados, espancados e sujeitos a privação de sono e à tortura da estátua, e depois igualmente transferidos para o reduto norte de Caxias. As prisões continuarão nos dias seguintes, a denúncia partira de um funcionário do PCP, responsável pelo sector estudantil de Lisboa, que passara a colaborar com a PIDE entregando centenas de estudantes.
Dias depois, durante a sessão comemorativa do Dia da Universidade, a intervenção do reitor foi interrompida pela voz de uma mãe dizendo “Libertem o meu filho”, seguida de gritos de “Liberdade para os estudantes presos”. A 26 de janeiro de 1965, tem lugar em frente à prisão do Aljube uma manifestação exigindo a libertação dos estudantes ali presos. No exterior, familiares e outros estudantes gritavam “Liberdade para os estudantes”, “Liberdade para os presos políticos” e “Abaixo a PIDE”. A manifestação é reprimida pela Polícia de Choque e a violência policial desdobrou-se pela Baixa lisboeta.
Após estes acontecimentos, a Universidade não permaneceria igual, a batalha pela autonomia universitária era agora parte da luta maior pela mudança radical de regime e defesa das liberdades democráticas e a forte mobilização estudantil daria um contributo inestimável para o derrube da ditadura.
No próximo dia 21 de Janeiro, pelas 15h, o Museu do Aljube evocará a resistência destes estudantes, realizando uma conversa com a participação de antigos estudantes e os historiadores Luís Farinha e Luísa Tiago de Oliveira.