Hoje à noite n’O Sótão. As sensações marroquinas na música futurista dos Electric Jalaba
Os Electric Jalaba juntam seis talentosos músicos através de uma empatia sonora que mistura ingredientes da gnawa, música tradicional marroquina, com elementos modernos da fusão do jazz com a electrónica londrina. Esta conexão quase telepática é traduzida para “El Hal”, que, em árabe, quer dizer “A Sensação” e é o nome do terceiro álbum de estúdio da banda liderada pela voz inconfundível do marroquino Simo Lagnawi. Depois de cinco anos sem novos lançamentos, os Electric Jalaba apresentam-se com um trabalho multifacetado, explorando um vasto rol de influências em dez faixas improvisadas e desenvolvidas em estúdio. El Hal é uma homenagem sentida à música gnawa, cujo repertório de canções de forte componente espiritual contém vestígios de dialetos da África Ocidental, apontando para influências decorrentes de movimentos migratórios centenários.
Assumindo as raízes marroquinas de Lagnawi, os restantes membros da banda captam o transe induzido pela gnawa, adicionando camadas e camadas de experiências psicadélicas e, de certa forma, cinemáticas. A energia natural dos Electric Jalaba está ao alcance fácil dos sentidos. El Hal desenvolve-se ao longo do que parece ser uma sessão ao vivo. Essa emoção é perceptível, convidando-nos a sair um pouco daquilo que nos é mais comum e confortável para abraçar um mundo colorido de canções que falam de espíritos, mulheres misteriosas ou homens que dividem oceanos. Disponível em vinil e em formatos digitais, El Hal é um álbum muitíssimo interessante que homenageia o passado cultural marroquino, sem deixar de ser futurista.
E ainda…
As produções deliciosas do australiano Prequel, presentes nos seus anteriores EP’s, indicavam que um dia ele iria lançar um brilhante álbum de estreia. Love (Or I Heard You Like Heartbreak), lançado pela Rhythm Section International, é um trabalho ecléctico, apaixonado e conhecedor de alguém que é mestre na sua arte.
O Sotão é uma webmagazine focada no mais alto quilate da música lançada por artistas e editoras independentes. Junto com a Comunidade Cultura e Arte contribui semanalmente com a rubrica Hoje à noite n’O Sótão, onde apresenta um novo projecto de música independente; e mensalmente com Álbuns com Pó.