Instituto Superior Técnico e Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa

por Cronista convidado,    13 Março, 2022
Instituto Superior Técnico e Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Fotografia de Philippe Bout / Unsplash
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Uma pequena reflexão sobre as duas instituições.

No início do ano letivo, decidi candidatar-me ao curso de arquitetura no Instituto Superior Técnico, ao mesmo tempo que frequentava gestão na Universidade Nova. Com efeito, o meu plano passava por fazer os dois cursos ao mesmo tempo, estando, no primeiro ano em arquitetura e, no segundo, em gestão. Assim o fiz, e acabo hoje o meu primeiro semestre de arquitetura no Técnico.

Durante este tempo, tenho refletido em como as instituições são diferentes, o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Economia da Nova. Não me refiro aos cursos, porque sei que são cursos muito diferentes e, por isso, não podem ser comparados. Refiro-me sim, à organização, ao método de trabalho, e à motivação presente nas organizações.

O Técnico está com problemas…. pensei em entrar no Técnico em arquitetura, por ser uma universidade de prestígio, e por ser a que mais respondia aos meus interesses, mas, deparei-me com o inesperado. A universidade não está organizada, e os seus pontos fortes acabam por ser esmagados pelos fracos. Quando entro no Técnico, sinto que entro no passado, em vez de no futuro, e não é pelas instalações. Sinto que se estivesse a tirar o curso há trinta anos, teria os mesmos problemas. Muitas vezes, sinto que fiz coisas só por fazer, não me tornaram mais inteligente. Fi-las, porque não existia plano.

A matéria lecionada no Técnico, da minha experiência, não é mais difícil, mas, como é difícil de criar organização no estudo, porque as coisas não estão organizadas, torna-se difícil de ser aprendida. Mas nenhum aluno se queixa, porque são uma migalha, desistem, e entram na mentalidade do Técnico. Concretamente, durante as aulas, muitas vezes a internet não funciona, os professores mandam mails em inglês e em português, mas depois as aulas são dadas em português com os estudantes de Erasmus na sala. Alguns powerpoints vêm com slides em português, inglês e espanhol. E, em algumas aulas, as salas ficavam lotadas ao ponto de haver pessoas sem mesa.

Para mim, isto foi um choque. Apesar de ter andado em escolas públicas a minha vida toda, e de ter visto o mau e o muito bom, nunca achei que uma universidade desta notoriedade pudesse ter este modo de trabalhar. Digo isto, depois de ter estado na Faculdade de Economia da Universidade Nova.

Na Nova, aprendi a trabalhar e, sobretudo, a pensar. Hoje aprendi como as coisas devem ser feitas e como podem ser mal feitas. Porque experienciei o muito bom. Na Nova são-nos dados os recursos, percebemos como o mundo funciona, e aquilo que um bom profissional de trabalho deve ser. Criam-nos esta perceção de um modo subtil… com tudo organizado, apoio dos professores, e em contacto com valores que a universidade defende. As novas instalações podem contribuir para este meu entendimento, mas creio que estas sejam apenas um dos pilares.

Sempre que precisamos de alguma informação, respondem-nos no dia, os powerpoints são excelentes, os professores dão aulas interessantes, que nos fazem pensar…. nota-se que tudo foi preparado e pensado. As aulas são dadas em inglês, e a universidade tem um ambiente global com estudantes de múltiplas nacionalidades. As coisas funcionam. Como devem funcionar e como vão funcionar no futuro de muitos alunos que dali saem.

A Nova, consequentemente, a meu ver, está a criar alunos bons, e não bons alunos. Está a criar futuros trabalhadores pró-ativos e conscientes, que conhecem o mundo à sua volta. Por outro lado, da minha experiência, o Técnico não está a apostar no seu futuro, está preso ao passado, tendo um modo arcaico de ver o ensino. Sinto que muitos dos seus alunos, porque nunca viram o outro lado, podem sair formados, mas acabam por ser pessoas com pouca iniciativa e acomodadas. Ainda assim, acredito que se o Técnico se apoiar às costas dos que fazem melhor, se consegue transformar.

Crónica de Alexandre Bentes.
O Alexandre nasceu em Portimão e foi para Lisboa tirar gestão na Universidade Nova de Lisboa. Acabado o primeiro ano de gestão, por não saber qual a profissão que gostava de exercer, entrou em arquitetura no Técnico e agora está no 2.º semestre em gestão.

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