Intriga e espionagem em ‘Ibun Sarutobi Sasuke’
Masahiro Shinoda é um dos grandes mestres do cinema japonês, principalmente do género histórico, ligado aos samurais, ronins e ninjas. Em 1965, o realizador japonês lançava uma das suas melhores obras, editada posteriormente pela Criterion (uma empresa que reedita e distribui grandes clássicos e obras primas do cinema mundial), “Ibun Sarutobi Sasuke“, um filme sobre um dos samurais mais famosos da história japonesa (embora certas teorias apontem que seja Kozuki Sasuke). O filme retrata um clima de intriga política, após vários anos de guerra, onde dois clãs controlam, momentaneamente, a paz através de um enredo de espionagem avançado.
O ponto forte do cinema de Shinoda e deste filme são os personagens e a forma como os mesmos evoluem na narrativa. Os actores são exímios e, apesar de nenhum deles ter uma carreira magnífica, nem serem conhecidos internacionalmente, conseguem encarnar na perfeição os personagens da época, e dar-lhes vida a um nível claramente exemplar, bem ao estilo do que Akira Kurosawa consegue fazer com os seus actores.
Sarutobi Sasuke, o personagem principal, vê-se arrastado para uma trama de intriga e espionagem quando reencontra um dos seus velhos amigos. Após convencê-lo de que, se o ajudar, Sasuke irá ganhar uma boa quantia de dinheiro, a história mergulha em momentos de mistério, suspense e até mesmo thriller, criando uma atmosfera enigmática para o personagem principal, e para os próprios espectadores. Sasuke vê-se acusado de dois crimes que não cometeu, acusado por dois dos mais importantes clãs do Japão, e envolvido num clima de romance nem sempre bem correspondido.
“Ibun Sarutobi Sasuke” é um deleite visual para o espectador. A magia da realização de Shinoda contempla-nos sequências de acção incriveis para a época e planos picados de génio, algo bem diferente do que se fazia nesta altura e neste género no Japão. Tudo isto cria um filme que prima por vários aspectos e nos prende até aos últimos minutos. Será Sasuke morto? Conseguirá ele escapar a uma enorme rede de espionagem e fraude? A resposta só vem no fim do filme e, até lá, a emoção é suficiente para nos deixar a querer mais.
Masahiro Shinoda sabe perfeitamente conduzir o espectador através da sua narrativa repleta de encruzilhadas e teias, criando personagens carismáticos, fortes e profundos. “Ibun Sarutobi Sasuke” é uma das obras primas do cinema japonês, diferente das obras de Kurosawa, mas com a mesma qualidade.