Irão: Cineasta condenada a 74 chicotadas por publicar fotos em que não usava véu islâmico

por Lusa,    17 Janeiro, 2023
Irão: Cineasta condenada a 74 chicotadas por publicar fotos em que não usava véu islâmico
Fotografia de Jake Hills / Unsplash
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Um tribunal iraniano condenou hoje a cineasta e documentarista Mozhgan Ilanlu a quase dez anos de prisão e 74 chicotadas, por ter publicado fotos em que não usava o véu, obrigatório no rígido vestuário islâmico para mulheres.

Ilanlu foi condenada a seis anos de prisão por conluio contra a segurança do país, mais 15 meses por propaganda contra a República Islâmica, outros tantos meses por conduta desordeira e ainda mais 15 meses por encorajar atos ilegais, noticiou o jornal reformista Shargh.

Detida desde meados de outubro, a documentarista e ativista dos direitos humanos foi também condenada a 74 chicotadas, multada em 80 milhões de riais (cerca 200 euros) e proibida de sair do país, de aderir a organizações sociais ou de participar em atividades de media e propaganda durante dois anos.

A cineasta e ativista dos direitos das mulheres foi detida por terem aparecido fotografias suas nas redes sociais mostrando-a nas ruas de Teerão sem o véu obrigatório e a convidar outros iranianos a sair às ruas.

Estas mensagens foram interpretadas como apoio aos gigantescos protestos desencadeados após a morte de Mahsa Amini sob custódia policial, depois de ter sido detida pela polícia por não usar o véu islâmico conforme a lei islâmica.

Ilanlu é mais uma das pessoas condenadas por apoiar ou participar nesses protestos, de jovens e mulheres que pedem mais liberdades e o fim da República Islâmica, e que o Governo iraniano reprimiu fortemente.

Pelo menos 2.000 pessoas foram acusadas pela Justiça iraniana de vários crimes pela sua participação nas mobilizações, 17 foram condenadas à morte, quatro foram executadas e centenas foram condenadas a penas de prisão.

Quase 500 pessoas foram mortas nos protestos e quase 20.000 foram detidas, segundo a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo.

Os protestos perderam força significativamente após as execuções dos quatro manifestantes e nas últimas semanas quase não há mobilizações nas ruas do país.

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