Jim Carrey não descarta ideia para sequela de “The Truman Show”
Na era de continuações inesperadas e remakes cinematográficos, os grandes clássicos voltam a dar que falar. Apesar de recusar dar continuação a alguns dos filmes que protagonizou, Jim Carrey não descarta a ideia de uma possível sequela para The Truman Show.
O filme de 1998, realizado por Peter Weir e escrito por Andrew Nicol, conta a história de Truman Burbank, um homem cuja vida, aparentemente normal, é afinal uma fraude totalmente simulada. O personagem de Carrey descobre que é o protagonista de um reality-show que o segue desde criança e transmite os seus movimentos para todo o mundo através da televisão.
Em entrevista ao Collider, o ator comentou que a ideia de um novo filme para The Truman Show poderia ter muito que explorar, devido à mudança completa na forma como o mundo consome conteúdo mediático que ocorreu nas últimas duas décadas. Jim Carrey revela que acha que o conceito do filme “é algo que agora existe a um nível micro“, com o surgimento de inúmeros formatos televisivos de reality-show ou o advento das redes sociais.
“Na altura, era uma história sobre isto mas num nível macro. Agora todos têm um canal para subscrever. Todos têm o seu pequeno mundo Truman Show“, acrescenta, frisando que “há algo a ser considerado aqui“.
O final do filme vê Truman a escapar do mundo fictício em que vive, mas não chega a mostrar a perspetiva do personagem no mundo real. “Por vezes penso — e sou perguntado — sobre o que teria acontecido a Truman depois de passar pela parede“, diz Jim Carrey. O ator acrescenta que só depois compreendeu que “basicamente, ele estava sozinho lá fora, também, porque todos voltaram ‘lá para dentro’. Todos queriam estar naquela redoma“.
Uma previsão do futuro
The Truman Show é por muitos considerado um clássico moderno do cinema. A história, aparentemente simples, apresenta uma camada mais densa que acabou por ser precursor da forma como o mundo iria evoluir e consumir como entretenimento as vidas dos outros. Por exemplo, a versão original do programa Big Brother estreou um ano depois do filme, em 1999, levando para a vida real o conceito de observar a vida dos outros, a todo o momento, através de câmaras escondidas.
A visão apresentada no filme serviu como que uma previsão do que viria a acontecer nos últimos 20 anos, através de pormenores como o alcance do product placement em televisão, invasão de privacidade não consentida ou a apresentação da vida para uma audiência, repleta de pormenores que nem sempre correspondem à realidade.
Em entrevista à Vanity Fair, em 2018, Laura Linney, que deu vida a Meryl Burbank, comentou que, na altura, todo o conceito do filme parecia “absurdo“. A atriz comenta que “por vezes ríamos pelo quão irrealista tudo parecia. Não conseguíamos acreditar que alguém quisesse gravar-se a si próprio para que outros pudessem ver e ver o que na altura parecia mundano, vê-lo como entretenimento“. Linney acrescenta que The Truman Show é um filme “obscuro, agourento — e, infelizmente, o nosso mundo foi muito para além daquilo“.
Este artigo foi escrito por Tiago Serra Cunha e foi originalmente publicado em Espalha Factos.