João Soares critica “narrativas falsas” e “mentiras caluniosas” sobre o pai Mário Soares
O antigo dirigente do PS João Soares, filho de Mário Soares, criticou hoje algumas “narrativas falsas” que continuam a circular sobre o seu pai, como as “mentiras caluniosas” proferidas por André Ventura no parlamento.
Esta posição foi defendida por João Soares na sessão evocativa que assinala o centenário do nascimento de Mário Soares, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Num auditório com lotação esgotada, onde também vão discursar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o chefe de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, João Soares saudou a presença do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e elogiou a sua liderança.
O antigo deputado lembrou o pai como alguém que “marcou e marca pelo legado político, cívico, cultural e humano” mas também recordou o “homem de família” que agia com “imensa ternura e solidariedade”.
João Soares fez questão de salientar que o seu pai foi “um filho, pai e avô exemplar”. “E é importante dizê-lo com esta clareza e simplicidade, contra algumas narrativas falsas que por ai continuam e vão aparecendo. Ele foi e ainda é vítima das maiores calúnias na nossa vida política. Montadas pela ditadura e suas forças obscuras mas não só”, lamentou.
João Soares afirmou ter ouvido recentemente na rádio “uma calúnia miserável que tem sido repetida”, de que Soares teria pisado a bandeira de Portugal nos anos 70.
“Uma falsidade absoluta de paralelo com as mentiras caluniosas sobre a descolonização ditas por um representante da extrema-direita no nosso parlamento anteontem. Mentiras absolutamente miseráveis”, criticou.
Na sexta-feira, na sessão solene evocativa do centenário do nascimento de Mário Soares, na Assembleia da República, o presidente do Chega, André Ventura, recordou “o papel incontornável” de Soares no 25 de Novembro e nos primeiros passos do país na Europa, mas fez o discurso mais crítico para o evocado.
Ventura acusou Soares de ter sido “cúmplice e ativista de um sistema de donos disto tudo, que se iniciou à sua sombra e se manteve à sua sombra”, acusando-o ainda de ser responsável por uma “descolonização desumana e mal feita”.
Além de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa, na sessão comemorativa do centenário dos cem anos de Mário Soares está também presente o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, entre outras personalidades.
O palco está decorado com rosas vermelhas e amarelas mas também cravos, símbolo da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Mário Alberto Nobre Lopes Soares, nascido a 07 de dezembro de 1924, foi uma das principais figuras da resistência ao regime do Estado Novo. Esteve preso diversas vezes e chegou a ser exilado para São Tomé e Príncipe e França.
Advogado, foi fundador e primeiro líder do Partido Socialista. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996. Morreu em 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, em Lisboa.
O centenário do seu nascimento começa hoje a ser assinalado com um vasto programa que decorre até ao final de 2025 e que irá estender-se a vários pontos do país com exposições, edições literárias e iniciativas culturais.