“Joker” não vai ser exibido em Aurora, cidade dos EUA, por causa da violência do filme
“Joker”, realizado por Todd Phillips, o mesmo de “Old School” (2003), “The Hangover” (2009) ou “Due Date” (2010), é seguramente um dos filmes mais esperados do ano nos cinemas portugueses. E agora sabe-se que a obra cinematográfica que mostra o actor Joaquin Phoenix como Joker não será exibida na cidade de Aurora.
Motivo da decisão: em Julho 2012 morreram 12 pessoas e foram feridas mais de 70 durante uma sessão de cinema de ” The Dark Knight Rises”, filme do cineasta Christopher Nolan. Depois de uma carta aberta, escrita por cinco familiares das vítimas e sobreviventes do massacre, e por comum acordo entre a Warner Bros. e a Cinemark, proprietária do cinema da cidade de Aurora, o filme não será assim exibido nesta sala.
Na carta pode ler-se: “A violência armada na nossa sociedade é uma questão crítica e estendemos a nossa mais profunda simpatia a todas as vítimas e famílias afetadas por essas tragédias. A nossa empresa tem uma longa história de doações para vítimas de violência, incluindo Aurora, e nas últimas semanas, a nossa empresa-mãe juntou-se a outros líderes empresariais para convidar os políticos a aprovar legislação bipartidária para lidar com essa epidemia. Ao mesmo tempo, a Warner Bros. acredita que uma das funções das narrativas é desencadear debates difíceis sobre questões complexas. Não haja qualquer equívoco: nem a personagem fictícia Joker, nem o filme, é um endosso de qualquer tipo de violência no mundo real. Não é a intenção do filme, dos cineastas ou do estúdio apresentar esta personagem como um herói.”
Para além disso, e na mesma carta, o grupo não pedia a retirada do filme dos cinemas mas queria sim apelar à Warner para usar a sua “gigantesca plataforma e influência para se juntar a nós na nossa luta para construir comunidades mais seguras com menos armas” e ainda colocar fim às “contribuições políticas a candidatos que recebem dinheiro da NRA (National Rifle Association of America e que votam contra a reforma das armas”.
“Joker” garantiu em Veneza o galardão máximo, o Leão de Ouro, e fez ainda um enorme sucesso no Festival de Toronto, um dos mais emblemáticos da América do Norte.
A juntar a isto é de relembrar ainda que o filme tem sido muito bem recebido pela crítica internacional, por exemplo; para o crítico David Rooney, do The Hollywood Reporter, “Joker” é “construído em torno de uma espiral que vai dum excluído solitário a um assassino enlouquecido”, “é um estudo psicológico neo-noir ancorado na alienação urbana e inspirado em “Taxi Driver” como o retrato da ascensão de um super-vilão”, Rooney vai ainda mais longe dizendo que “é indiscutivelmente o melhor filme do universo Batman desde “The Dark Knight”” e “que a performance de Joaquin Phoenix é arrebatadora”. Já para David Ehrlich, crítico do IndieWire, “Joker” parece uma refilmagem, cena a cena, de “The King of Comedy”, de Martin Scorsese, que era um filme sobre um homem sem talento que foi convencido de que era especial: “este filme [“Joker”], por contraste, é sobre um homem talentoso que se convence de que ninguém é especial. Essa perspectiva permite a Phillips simular uma posição apolítica e falar para pessoas do nosso mundo que estão predispostas a pensar em Arthur [Joker] como um modelo: homens brancos solitários, criativamente impotentes que são atraídos por ideologias de ódio por causa das comunidades raivosas que se fomentam à sua volta.”
“Joker” estreia nos cinemas portugueses a 3 de Outubro