Jornalistas querem que investidores sejam obrigados a registo de idoneidade
Os jornalistas reunidos em congresso aprovaram hoje moções para que investidores na comunicação social sejam obrigados a ter um registo de idoneidade e que jornalistas recebam dividendos das grandes plataformas que usam o seu trabalho.
No fim do 5.º Congresso dos Jornalistas, que terminou hoje em Lisboa, foram votadas mais de 20 moções, sendo que uma delas, proposta pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), exige que qualquer pessoa ou entidade que decida entrar no ramo dos media tenha de “obedecer a registo de idoneidade, sob pena de ficar inviabilizada essa entrada”.
A questão dos donos dos órgãos de comunicação social tem sido muito falada devido à entrada na Global Media (dona de JN, DN e TSF, entre outros) do fundo de investimento World Opportunity Fund (com sede nas Bahamas, um chamado ‘paraíso fiscal’). De momento, trabalhadores têm ordenados em atraso e há a ameaça de despedimento de 200 pessoas.
Outra moção do SJ aprovada prevê que os “jornalistas reivindiquem para si os dividendos que as grandes plataformas digitais fazem com o trabalho” jornalístico e que o sindicato tome a dianteira dessa luta.
O tema de as grandes plataformas digitais usurparem o trabalho dos jornalistas é dos mais discutidos pela classe e outra das moções votadas repudia “a abutrização do trabalho jornalístico por redes sociais controladas por plataformas multinacionais que não pagam por ele o valor devido e muitas vezes o deturpam e manipulam a favor dos seus interesses”.
Os jornalistas aprovaram ainda uma moção para que, por regra, não seja divulgado quem comete crimes ou é deles é vítima, considerando que identificar pessoas acusadas e condenadas prejudica a sua ressocialização e que identificar as vítimas de crimes, contra a sua vontade, viola a sua intimidade.
Foram também aprovadas moções contra ataques a jornalistas. Uma das moções pede uma investigação rápida à agressão ao jornalista do Expresso, a semana passada, num evento na Universidade Católica com o líder do Chega. Outras moções repudiam a prisão e assassinatos de jornalistas, desde logo na Faixa de Gaza.
Foram ainda aprovadas moções por mais diversidade nas redações e nas notícias (são sobretudo homens, brancos e heterossexuais) e pelo reforço do fotojornalismo e do estatuto dos fotojornalistas.
O 5.º Congresso dos Jornalistas decorreu desde quinta-feira até hoje em Lisboa (no Cinema São Jorge) com quase 800 congressistas.
Segundo a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas, há 5.313 jornalistas, 3.110 homens e 2.203 mulheres.