José Roberto de Toledo: “Vamos caminhar para um segundo turno com os dois candidatos com maior taxa de rejeição”

por Fumaça,    27 Setembro, 2018
José Roberto de Toledo: “Vamos caminhar para um segundo turno com os dois candidatos com maior taxa de rejeição”
José Roberto de Toledo / Fotografia de Projor / Unicamp

O que vais ouvir, ler ou ver foi produzido pela equipa do Fumaça, um projecto de media independente, progressista e dissidente e foi originalmente publicado em www.fumaca.pt.

A menos de duas semanas das eleições gerais brasileiras, as pesquisas mais recentes mostram uma polarização na sociedade brasileira, que se cristaliza na escolha entre dois candidatos: Jair Bolsonaro, do Partido Social Livre, e Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores. O crescimento das intenções de votos nos dois candidatos tem sido significativo – principalmente o de Haddad. Segundo as últimas pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), Haddad cresceu de 4% das intenções de voto, na pesquisa publicada a 20 de agosto, para 22% a 24 de setembro. Já Jair Bolsonaro, tinha 20% das intenções de voto a 20 de agosto, e 28% esta semana, tendo estagnado desde a semana passada, quando a pesquisa do IBOPE, de 18 de setembro, lhe dava os mesmos 28%.

Evolução da intenção de voto nas pesquisas publicadas pelo Ibope

O crescimento de Bolsonaro pode até ter terminado – saberemos mais durante esta semana – mas, o que parece certo, é que a luta pelo segundo turno das eleições, que ocorrerá a 28 de outubro, será feita entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Isto, diz José Roberto de Toledo, jornalista da revista Piauí com quem conversámos esta semana, se nada de estranho acontecer: “Por uma tradição histórica meio inexplicável, sempre acontecem factos surpreendentes na última semana. Investigações do Ministério Público, prisões pela polícia federal…”.

Caso o segundo turno se confirme ser entre Haddad, sucessor de Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos ex-presidentes brasileiros pelo PT), ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, e Bolsonaro, deputado federal e militar da reserva, assistiremos a uma eleição entre os dois candidatos com a maior taxa de rejeição entre todas as candidaturas. E a taxa dos dois tem estado a crescer: Bolsonaro subiu, desde 20 de agosto, de 37% para 46% de rejeição, e Haddad duplicou a percentagem de pessoas que respondem que não votariam nele “de jeito nenhum”, de 16% para 30%.

Evolução da taxa de rejeição nas pesquisas pelo Ibope

Mas a verdade é que, apesar de ser o cenário mais provável, ainda não existe certeza de que teremos segunda volta ou turno, como se diz no Brasil. A percentagem de votos brancos e nulos que as pesquisas têm apresentado mostram um valor superior ao das últimas eleições – 9,64% no primeiro turno -, o que quer dizer que, se o mesmo padrão se mantiver, teremos ainda bastantes indecisos e indecisas a escolher o seu voto nos últimos dias. José Roberto de Toledo, que acompanha eleições e as suas pesquisas há 30 anos, é normal que haja um aumento das intenções de voto nos principais candidatos na última semana.

Será que teremos segundo turno nas eleições gerais brasileiras? Se sim, quem ganhará entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro? Que papel terão os votos brancos, nulos, e até a abstenção nas eleições? Será que as taxas de rejeição de Bolsonaro e Haddad continuarão a subir? Porque ouvimos falar tão pouco das eleições do Congresso, quando têm uma importância crucial na formação do governo?

Falámos sobre estes e outros temas com José Roberto de Toledo, fundador da ABRAJI, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e jornalista revista Piauí.

Texto e entrevista: Ricardo Esteves Ribeiro
Preparação: Pedro Miguel Santos, Ricardo Esteves Ribeiro e Tomás Pereira
Som: Bernardo Afonso e Ricardo Esteves Ribeiro

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