Justiça dos EUA determina que Google monopolizou mercado da publicidade na Internet

por Lusa,    18 Abril, 2025
Justiça dos EUA determina que Google monopolizou mercado da publicidade na Internet
Fotografia de Greg Bulla / Unsplash

Uma juíza federal norte-americana concluiu que a Google monopolizou o mercado da publicidade ‘online’, dizendo que a gigante tecnológica norte-americana “executou intencionalmente uma série de ações anticoncorrenciais” e causou “danos significativos” aos seus clientes.

O Governo de Joe Biden processou a Google em janeiro de 2023 num tribunal federal na Virgínia (leste dos Estados Unidos), exigindo que o grupo fosse forçado a alienar os seus bens.

O julgamento foi concluído em novembro de 2024 com a apresentação dos argumentos finais pelo governo dos EUA e pela Google, após três semanas de audiências sem júri, em setembro.

“Os demandantes provaram que a Google se envolveu conscientemente numa série de ações anticoncorrenciais para alcançar e manter o poder de monopólio nos mercados de servidores de anúncios e de troca de anúncios na Internet”, concluiu a juíza numa decisão de 115 páginas divulgada hoje.

“Durante mais de uma década, a Google ligou o seu servidor de anúncios e as suas bolsas de anúncios através de cláusulas contratuais e integração tecnológica, o que permitiu à empresa estabelecer e proteger a sua posição monopolista em ambos os mercados”, continuou.

Segundo a magistrada, o grupo também “garantiu o seu monopólio impondo políticas anticoncorrenciais aos seus clientes e eliminando características favoráveis de determinados produtos”.

Concluiu que, ao fazê-lo, a Google causou “danos significativos” aos seus clientes e impediu que os rivais competissem com ela.

A juíza deu um prazo de sete dias para que as partes apresentem um cronograma para a continuação do procedimento, de forma a determinar as soluções para esta situação. Depois, pronunciará a sua sentença.

A gigante tecnológica já indicou que pretende recorrer da decisão, num comunicado enviado à agência France-Presse (AFP) pela vice-presidente, Lee-Anne Mulholland.

“Ganhámos metade deste caso e vamos recorrer da outra metade. Discordamos da decisão do tribunal em relação às nossas ferramentas de publicação”, acrescentou.

O desfecho do caso pode ser determinado pela nova administração e o presidente Donald Trump deu a entender, em outubro, que não era a favor da divisão da Google, sublinhando que penalizaria os Estados Unidos no panorama internacional.

Por volta das 17:15 (hora de Lisboa), as ações da Alphabet, empresa-mãe da Google, caíam 1,26% na bolsa de Nova Iorque.

O governo norte-americano acusou a Google de controlar o mercado de anúncios em banners em sites, incluindo os de muitos meios de comunicação, e de usar isso para cobrar preços artificialmente elevados e partilha injusta de receitas.

Segundo a acusação, o grupo apoiou-se em três softwares de gestão de publicidade considerados essenciais pela maioria dos sites.

A advogada da Google, Karen Dunn, denunciou a interpretação errónea da lei por parte do ministério.

A empresa alegou que o caso se baseava numa versão desatualizada da Internet, ignorando o contexto atual, onde os anúncios são também colocados nos resultados de pesquisa, aplicações móveis e redes sociais.

Noutro julgamento, um júri de um tribunal federal em Washington considerou o Google culpado de práticas anticoncorrenciais em pesquisas na Internet.

Aguarda ainda que o magistrado decida sobre as restrições que lhe serão impostas.

As autoridades, que processaram a Google em 2020, exigiram que a empresa se desfizesse do browser Chrome. Também querem proibi-lo de fazer acordos com fabricantes de smartphones para instalar o seu motor de busca por defeito.

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