Keli Freitas e Raquel André refletem sobre a língua portuguesa no espetáculo “Outra Língua”

por Comunidade Cultura e Arte,    18 Maio, 2022
Keli Freitas e Raquel André refletem sobre a língua portuguesa no espetáculo “Outra Língua”
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Refletir sobre a língua portuguesa é um dos grandes objetivos do espetáculo “Outra Língua”, criado por Keli Freitas e Raquel André, que estreia na próxima sexta-feira, dia 20 de maio, às 21h00, no Teatro Viriato. 

“Outra Língua” é um espetáculo, criado por mulheres brasileiras, portuguesas e angolanas, em que, a partir da experiência de falantes de português de diferentes países, se lança a questão: é possível, ao intervir sobre a língua, alterar a realidade que esta descreve? Que língua falamos afinal?

“Essa é a pergunta. Falamos a mesma língua? Girando em torno dessa pergunta, é óbvio que sabemos que sim e também sabemos que não, no sentido em que nós sabemos que somos falantes de português e no sentido que sabemos que a língua se espalhou por quase todos os continentes do planeta Terra, tomou diferentes caminhos e é uma língua extremamente complexa e plural. A quantidade de sotaques só no território português já é tão diversa, imaginem no Brasil e todas as variantes do português em África, que têm maior tamanho continental”, afirma Keli Freitas.

Este projeto surge de um encontro entre Keli Freitas e Raquel André, em 2011, no Brasil, mas que só agora tomou forma. “A Keli Freitas conheceu-me quando eu estava a viver no Brasil, em 2011, e eu fui a primeira pessoa que ela ouviu a falar com o sotaque de português de Portugal, no Brasil. Ela achou muito engraçado e, durante estes últimos 10 anos, tem insistido com esta pergunta: “Será que falamos a mesma língua?” Decidimos fazer um projeto sobre isso, sem nunca imaginarmos que, entretanto, a Keli viria a ser imigrante em Portugal. Passados estes 10 anos, voltámos a encontrar-nos, mas desta vez em Portugal. A ideia para o espetáculo surgiu deste encontro com a língua portuguesa em territórios diferentes, de forma a percebermos se falávamos a mesma língua”, explica Raquel André. 

O espetáculo conta com a interpretação de Keli Freitas, Raquel André, Nádia Yracema e Tita Maravilha, e nele é recriado um laboratório onde quatro linguistas se questionam sobre as palavras.

De acordo com as criadoras, este “é um espetáculo de perguntas”. “Como criação, as perguntas são uma ferramenta de trabalho artístico. Acho que dar respostas é reduzir qualquer coisa. Não temos certeza de nada, nós as quatro e o resto da equipa, que somos 11 ou 12, estamos a falar sobre a língua hoje. Portanto, é este grupo de pessoas a pensar sobre isto, agora. São perguntas, são contextos. Podemos dar respostas, mas nós tomamos mais uma posição sobre alguns assuntos. Talvez isso possa ser uma ideia de resposta. Nós estamos a posicionar-nos sobre a relação com a história da língua portuguesa, a relação como a língua é ensinada ou o que é considerado falar correto ou falar errado. Não é uma resposta, é uma perspetiva que este grupo de mulheres coloca hoje. Mas isto deixa muitas perguntas, pois a pergunta é a melhor coisa que existe”, refere Raquel André. 

Com aproximadamente 90 minutos e destinada a maiores de 14 anos, esta peça terá uma apresentação acessível e inclusiva com recurso a Língua Gestual Portuguesa, Audiodescrição e Legendagem em Português. A audiodescrição é assegurada pelo projeto de Acessibilidade da Dançando com a Diferença e do Teatro Viriato.

Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira física ou no site do Teatro Viriato.  

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