Lídia Jorge nomeada para prémio literário Médicis com “Misericórdia”
A obra “Misericórdia”, de Lídia Jorge, traduzida para o francês por Elisabeth Monteiro Rodrigues, está entre as nomeadas para o prémio francês Médicis de melhor livro estrangeiro, anunciou ontem a organização do galardão.
A lista para o melhor romance estrangeiro é composta por 17 títulos, que, para além da escritora portuguesa, incluem nomes como o irlandês Sebastian Barry, o argentino Federico Falco, a sul-coreana Han Kang ou o húngaro László Krasznahorkai.
O júri é presidido por Anne F. Garréta e composto por Marianne Alphant, Michel Braudeau, Marie Darrieussecq, Dominique Fernandez, Patrick Grainville, Frédéric Mitterrand, Andreï Makine, Pascale Roze e Alain Veinstein.
De acordo com a organização do prémio, os finalistas vão ser anunciados no dia 18 de outubro e o vencedor revelado em 09 de novembro, em Paris.
Na semana passada, foi revelado que Lídia Jorge estava também nomeada para o Prémio Femina 2023, com o seu mais recente romance, “Misericórdia”, sendo a única portuguesa entre os 17 candidatos na categoria de melhor romance estrangeiro publicado em França.
O romance “Misericórdia” tem-se destacado no mercado livreiro francês, tendo já vencido no mês passado o Prémio para Melhor Livro Lusófono publicado em França, atribuído pela redação da revista literária Transfuge.
Segundo a Dom Quixote, que editou o livro em Portugal em 2022, este romance “tem sido muito bem recebido pela crítica, que já o incluiu entre os principais destaques da ‘rentrée’ francesa”.
“Misericórdia” foi escrito por Lídia Jorge, porque a mãe, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com aquele título.
A história decorre entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte da mãe da autora, que foi uma das primeiras vítimas da covid-19 no sul do país.
“A minha mãe pediu-me várias vezes para escrever um livro que se chamasse ‘misericórdia’, porque ela achava que havia um desentendimento, no tratamento das pessoas, achava que as pessoas procuravam ser amadas, mas não as entendiam. Pediu-me que escrevesse um livro chamado ‘misericórdia’, para que se tivesse compaixão pelas pessoas e as tratássemos como se fossem pessoas na plenitude da vida”, revelou a autora em entrevista à agência Lusa, por altura da publicação do romance.
Segundo a escritora, este não é um livro “mórbido” e a sua escrita não lhe suscitou sentimentos de tristeza ou dor. Antes, é um “livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir”, sobre os “atos de resistência magníficos, que as pessoas têm no fim da vida”.
“Misericórdia” ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores (APE).