Livro póstumo de Henry Kissinger sobre Inteligência Artificial chega às livrarias portuguesas
A Dom Quixote edita a 19 de novembro, “Génesis, Inteligência Artificial, Esperança e o Espírito Humano”, o livro póstumo de Henry Kissinger, em co-autoria com dois eminentes tecnólogos, Craig Mundie e Eric Schmidt, naquele que é um lançamento mundial que os autores dedicam ao “homem de Estado, diplomata, mentor e amigo” que morreu, aos 100 anos, há precisamente um ano (29 de novembro 2023).
“Neste livro, abordamos o impacto da IA em oito áreas diferentes da atividade e do pensamento humano, culminando com a própria resposta filosófica do Dr. Kissinger à incessante procura de uma estratégia que permita equilibrar benefícios e riscos. Ele explora as perspetivas de uma coexistência humana com a IA e, a seu tempo, de uma coevolução humano-IA. Ao colocar conceptualmente a possibilidade de uma conciliação destas duas espécies – uma orgânica, a outra sintética – revela também a necessidade de uma escolha: criar um mundo em que a IA se torne mais parecida connosco, ou um mundo em que nós nos tornemos mais parecidos com a IA”, escrevem, na introdução, os autores.
A 22.ª obra do antigo secretário de Estado norte-americano tem prefácio do seu biógrafo oficial, o prestigiado historiador britânico Niall Ferguson, para quem o também Prémio Nobel da Paz nunca deixou de refletir sobre as implicações das mudanças tecnológicas no domínio político: “A lição da vida de Henry Kissinger é clara. Os avanços tecnológicos podem ter tanto consequências benéficas como maléficas, dependendo da forma como decidimos coletivamente explorá-los. Mas seria um erro grave assumir que utilizaremos esta nova tecnologia mais para fins produtivos do que para fins potencialmente destrutivos.”
O político norte-americano estava profundamente preocupado com os seis cenários traçados pelos autores, e o seu esforço para os evitar não terminou com a escrita deste livro. Não é segredo que o último empenho da sua vida – em que esgotou as forças que lhe restavam nos meses seguintes ao seu centésimo aniversário – foi iniciar um processo de conversações sobre a limitação de armas de IA entre os Estados Unidos e a China.
Traçando uma rota entre a fé cega e o medo injustificado, Génesis define, pois, uma estratégia eficaz para navegar na era da IA e prepara os decisores de hoje para as escolhas de amanhã, apontando caminhos para aproveitar as oportunidades apresentadas pela IA sem cair nas forças mais obscuras que esta revolução desencadeou.
A IA irá ajudar a Humanidade a enfrentar enormes crises – desde as alterações climáticas aos conflitos geopolíticos e à desigualdade de rendimentos. É bem possível que resolva alguns dos maiores mistérios do nosso universo, revolucione domínios tão diversos como a medicina e a arquitetura, e eleve o espírito humano a alturas inimagináveis. Mas a IA também nos vai colocar desafios a uma escala e intensidade nunca vistas – usurpando o nosso poder de julgamento e ação independentes, testando a nossa relação com o divino, e talvez até mesmo estimulando uma nova fase na evolução humana. Quem vamos escolher para liderar a nossa espécie neste território desconhecido? Ou será que nós, passiva e inconscientemente, já escolhemos?