“Livros escritos por mulheres” de Maria Gil recorda exposição organizada por Maria Lamas
Uma leitura performativa intitulada “Livros escritos por mulheres”, de Maria Gil, que continua o trabalho que a criadora tem desenvolvido em torno da vida e obra de Maria Lamas, estreia-se dia 25, na Casa do Coreto, em Lisboa.
A propósito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, trata-se de uma produção do Teatro do Silêncio, criada por Maria Gil, e consiste numa “leitura poética apoiada no catálogo da exposição ‘Livros escritos por mulheres’, organizada em 1947 por Maria Lamas e pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa”, acrescenta o Teatro do Silêncio.
A mostra, da qual fizeram parte cerca de três mil obras escritas por mulheres de todo o mundo, acabou por “servir de prenúncio do fim” do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), organização feminista fundada em Lisboa, em 1914, e presidida pela jornalista, escritora e tradutora até à extinção, em 1947, pelo governador civil de Lisboa.
Acompanhada por uma criação musical de Miguel Bonneville, diretor artístico do Teatro do Silêncio, “Livros escritos por Mulheres” terá mais representações, seguidas de outras tantas conversas informais com o público.
Além da estreia da peça, que prossegue o trabalho desenvolvido por Maria Gil sobre Maria Lamas, a iniciativa inclui uma “Maratona de Lamas”, com revisitação das peças de Maria Gil “Mulheres em terra, homens no mar” (2018) e “Avieiras, viagem de Lamas” (2022).
“Mulheres em terra, homens no mar” (2018) é uma performance sobre os pescadores portugueses que andavam no mar durante seis meses na pesca do bacalhau, nas décadas de 1940, 1950 e 1960 e põe em palco a voz das mulheres ficavam em terra a governar a casa.
A recolha de testemunhos dessas mulheres e de familiares e a obra de Maria Lamas (1893-1983) “Mulheres do Meu País” foi o ponto de partida para o espetáculo, concebido a partir da pesquisa de documentos do Museu Marítimo de ílhavo, acrescenta o Teatro do Silêncio.
“Avieiras, Viagem de Lamas” baseia-se em testemunhos atuais de mulheres residentes em comunidades avieiras das aldeias de Palhota (Cartaxo), Escaroupim (Salvaterra de Magos), Vila Franca de Xira e Vieira de Leiria (Marinha Grande), recolhidos por Maria Gil.
O Teatro do Silêncio foi fundado em 2004 e, desde 2011, funciona no espaço comunitário do Lavadouro Público de Carnide. É apoiado pela Câmara de Lisboa, pelo programa “Arte pela Democracia” da Direção-Geral das Artes (DGArtes) e pela Fundação Calouste Gulbenkian.
“Livros escritos por mulheres” e “Maratona Lamas” foi desenvolvida em parceria com a Lua Cheia Teatro Para Todos e a Junta de Freguesia de Carnide.
Além da estreia, no dia 25, às 19:00, “Livros escritos por mulheres” repetirá nos dias 26 e 27 de abril, pelas 21:30, e no dia 29, às 19:00, na Casa do Coreto. Em 05 de maio, haverá uma sessão ‘online’.
A anteceder a estreia de “Livros escritos por Mulheres” estará a “Maratona Lamas”: “Mulheres em terra, homens no mar” (16:00) e “Avieiras, Viagem de Lamas” (19:00).