Mais um ano lectivo – que passou
E pronto. Chega aquele dia que acontece uma vez por ano na vida de um professor universitário: o dia de olhar para a agenda e de ver que não estão registadas datas de exames escritos, de provas orais, de reuniões nem de prazos para o preenchimento disto e daquilo. Olhamos para a agenda no dia 30 de Julho e pensamos: muito bem, agora tenho tempo!
Para a maior parte das pessoas, «agora tenho tempo» significa que chegou o momento das férias. Mas para nós, professores universitários, chegou o momento do dilema: o momento de pensarmos «estou cansado, estou farto, preciso de férias». Mas, em simultâneo, sabemos que, se não aproveitarmos para trabalho não-lectivo este suposto mês de férias, estamos a colocar-nos voluntariamente numa posição difícil.
Todos somos avaliados de três em três anos, com base nos artigos e livros que publicamos. Em rigor, um professor universitário (a quem já são negados fins de semana, feriados e férias de Natal/Páscoa) não se poderia dar ao luxo de esbanjar o mês de Agosto em férias. Teria de continuar a trabalhar: na investigação, na escrita em contra-relógio de trabalhos cujos prazos de entrega já foram ultrapassados.
Alguns de nós tiramos (de consciência pesada) uns dias mínimos de descanso. Outros ficamos à espera da reforma, para podermos trabalhar naquilo que amamos de uma maneira mais humana.