Mallu Magalhães, PAUS e o CAOS, Conferência Inferno, emmy Curl, e Can Cun são as primeiras confirmações do Rock Nordeste

por Comunidade Cultura e Arte,    29 Maio, 2024
Mallu Magalhães, PAUS e o CAOS, Conferência Inferno, emmy Curl, e Can Cun são as primeiras confirmações do Rock Nordeste
Mallu Magalhães / DR
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Está a chegar mais uma edição do Rock Nordeste a celebrar a música lusófona, e como sempre com entrada livre. Nos dias 21 e 22 de junho, sexta e sábado respetivamente, o encontro está marcado para os relvados do Parque Corgo e o Auditório Exterior do Teatro de Vila Real. Mallu Magalhães, PAUS e o CAOS, Conferência Inferno, emmy Curl, e Can Cun são as primeiras confirmações.

O Rock Nordeste é um evento único que celebra a diversidade da música lusófona, oferecendo concertos de entrada livre. Com uma combinação de artistas consagrados e emergentes, o programa promete uma experiência rica e variada para todos os públicos. Além disso, esta edição faz uma aposta clara em talentos da cidade de Vila Real, incluindo emmy Curl, Can Cun, e o vocalista de Conferência Inferno, Francisco Lima, destacando o talento local e promovendo a cultura musical da região.  O festival Rock Nordeste é uma iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real, com programação da promotora Rock With Benefits e produção da Fafmusica.

Mallu Magalhães

Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães (São Paulo, 29 de agosto de 1992), mais conhecida pelo seu nome artístico Mallu Magalhães, é uma cantora, compositora, instrumentista e produtora musical brasileira. Com cinco álbuns e um DVD lançados, Esperança é o seu mais recente trabalho. Mallu é filha da paisagista Gigi Arruda Botelho e do engenheiro e músico amador apaixonado por rock clássico Eduardo Pereira, que a influenciou em seus gostos musicais. Autodidata, aprendeu a tocar violão sozinha aos nove anos de idade. Assim como o banjo, a gaita, a escaleta, o piano, e o ukulele. Durante sua infância ouvia atentamente os CDs e LPs de seus pais e de seus avós, prestando atenção à música e aos encartes dos discos e, através deles, foi buscando outros artistas. Aos doze anos, começou a compor músicas, grande parte delas escritas em inglês.

PAUS e o CAOS

PAUS com nova forma, novo disco e novo espetáculo. 

Controlo é uma ilusão. O quarteto da “bateria siamesa, do teclado que te faz sentir cenas e do baixo maior que a tua mãe” tem um som tão complicado como desnecessário de classificar, a constante que se mantém ao longo do caminho é a vontade de procura. Em 2023 Hélio Morais, Fábio Jevelim, Makoto Yagyu e Quim Albergaria não são os mesmos PAUS mas mantêm prazer na pergunta e no que há de mais volátil nas respostas que a música lhes devolve. “Bora ser mais, ser outra coisa. Um som que não dê para circunscrever nem controlar. Bora a sítios onde nunca estivemos e bora levar amigos.” Foi quase exatamente por estas palavras que a banda decidiu juntar CAOS há equação para criar um novo disco e um novo espetáculo. PAUS e o CAOS é o sítio novo onde a banda chegou, com a colaboração de Iúri Oliveira nas percussões, João cabrita nos sopros e Iguana Garcia na guitarra. A música que fizeram vibra em frequência onde os PAUS não tinham chegado ainda, há uma liberdade que só podia vir da decisão de abrir mão de controlo e deixar os limites estabelecidos caírem.

Conferência Inferno

Depois de discorrerem sobre os mais recentes tratados pós-punk e ondas revivalistas de sintetizadores no seu Bazar Esotérico, depois de reverem a documentação gótica submetida à consideração do plenário em Ata Saturna e de pedirem peer review por via de um disco de remixes, restam muito poucas dúvidas de que os Conferência Inferno são os maiores especialistas das práticas negras do rock elétrico em Portugal. E é nessa condição que voltam a expor a sua inventiva metodologia de hermenêutica sonora através do novo álbum Pós-Esmeralda, um conjunto de canções que se propõe a expandir as possibilidades emocionais do ensemble portuense. Para este tento, a Conferência Inferno não se fica pela condição de emissária e cresce para o papel de mestre de cerimónias, trilhando um caminho sónico cada vez mais próprio. A essência do elétrico sobre o orgânico em maus modos mantém-se, mas sem que isso defina taxativamente os tons com que pintam as novas canções. O negro mantém-se sem prevalecer sobre os cada vez mais presentes tons mais vivos dos novos traços harmónicos. A dicotomia primordial do seu género desdobra-se em várias tensões, cada vez mais exclusivas do trio portuense e que lhes permite, em oito canções, fazer um registo de como soa um equilíbrio consternado. Há um descortinar de alegria tétrica desde os primeiros segundos, com camadas de melodias maiores nos sintetizadores de Raul Mendiratta e nos teclados de José Silva em confronto com o desespero vocal e lírico de Francisco Lima; há uma crescente energia na catadupa percussiva da caixa de ritmos e nos tons graves protuberantes; e há sempre dança, na epilepsia rítmica que o new wave sempre invocou, com os movimentos coreográficos como alternativa à violência do punk sem prefixo, que mesmo assim não se manifestam menos impetuosos, tensos, secos, nem rápidos. São, em suma e fazendo jus ao seu epíteto, infernais. No outro lado da balança, surgem canções que desafiam a concepção da própria palavra, em duração, em estrutura e em ambiências, e que exploram outro tipo de sensações análogas do desalento, em que lentas progressões, com texturas menos abrasivas nas melodias, grassam a beatitude e a redenção. Não fosse o negrume das letras e estariam perdoados.

A Conferência Inferno reuniu-se sobre o livro de São Cipriano para fazer o mapa astral do pós-punk. Todos os planetas estavam em retrógrado, todos os ascendentes em saturno, e só eles sabem em que inferno está a lua. Pós-Esmeralda é resultado invocado de um ritual macabro deste pandemónio de new age ocidental, cheio de ironia, pesar, êxtase e esgares. Dance-se o fim do mundo, pois somos todos corpos, e ouça-se a Conferência.

emmy Curl

Natureza e tecnologia, sonho e aventura, luz e sombra: é de dualidades, ou simbioses, que se faz a música de emmy Curl, a artista nascida como Catarina Miranda Trindade em Vila Real de Trás-os-Montes, na aurora da década de 90. Desde as primeiras pegadas no areal da música portuguesa, com o Álbum gravado e produzido por ela com apenas 17 anos “Ether”, de 2007, que emmy Curl mostrou a singularidade do seu mundo, tão etéreo e delicado como aberto a desafios. Na década que se seguiu, esta promessa cumpriu-se com as canções de “Origins”, um segundo EP lançado em 2012, e “Navia”, o álbum de estreia que chegaria três anos mais tarde, a bordo de uma caravela de inspiração lendária (Navia era a deusa dos rios e da água, na mitolgia galaica e lusitana). Saltitando entre o inglês e o português, as canções de “Navia” foram aplaudidas pela revista BLITZ, pela Glam Magazine e ainda pelo site norte-americano Tiny Mixtapes, que evocou a memória de “Cantigas de Maio”, de José Afonso, nos elogios que lhe teceu. ØPorto, o segundo aguardado álbum da cantora, sai no ano em que a pandemia de 2020 começa o que deixou este maravilhoso trabalho com pouca atenção. Foi todo produzido pela própria e com várias e valiosas colaborações como Filipe Raposo, Vicente Palma, Fabiola Augusta, José Diogo Martins, etc. Em 2023 lança o terceiro álbum “Pastoral”, onde explora ainda mais a fundo as tradições da música portuguesa e a sua sonoridade celta e pagã.

Can Cun

CAN CUN são Bruno André Azevedo (voz e guitarra), Bruno Coelho (bateria), Daniela Azevedo (teclados) e Jorge Simões (baixo), banda de Vila Real que se juntou em 2014 para desconstruir um imaginário complexo assente em sintetizadores, riffs, ritmos em loop e melodias sonhadoras. Se por um lado o nome sugere paisagens de areias brancas, águas límpidas e faunas tropicais, a sonoridade itinerante entre o dream pop, o shoegaze e o rock psicadélico mostra-nos uns CAN CUN capazes de deambular entre temas mais melancólicos e outros que sugerem novas possibilidades, sempre envoltos numa atmosfera espacial. Depois do EP de apresentação, Thin Ice Dance Floor (2016), os CAN CUN lançaram o álbum Wanderlust (2018) e lançam agora In Bloom. Ao segundo disco, os CAN CUN tornaram-se mais introspetivos, ainda assim nunca fechados em si próprios. In Bloom é sobre o significado de florescer, de abrir e fechar ciclos, tendo por base temas como a solidão, o amor, o sexo e a autodescoberta. Este novo álbum reflete uma crise de meia-idade onde os adeuses superam os olás, mas no qual há sempre uma luz de esperança a oferecer. A matriz psicadélica, característica deste quarteto de Vila Real desde o primeiro EP, Thin Ice Dance Floor (2016), apresenta-se agora mais aberta e diluída, ganhando uma nova aura espacial com os teclados de Daniela Azevedo. No processo de composição de In Bloom, as harmonias e os ritmos foram depurados ao ponto de criarem uma atmosfera quase abstrata, capaz de nos lançar numa nova viagem a cada audição.

O Festival Rock Nordeste tomou em 2014 um novo espaço no coração da cidade de Vila Real. Movendo-se do Complexo de Codessais para o Parque do Corgo, mas continuando ao sabor do Rio Corgo, um dos ex-libris da cidade. Esta localização criou uma nova dinâmica que tem vindo a refletir-se em grandes enchentes de público, e consolidando uma identidade que funde a natureza com a cidade. Na edição de 2024, a aposta recai novamente na composição por dois palcos – Palco Parque e Palco Teatro.

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