Máquina, Vaiapraia, Julius Gabriel, Cobrafuma e Leo Middea na programação do Gretua em Aveiro
Teatro Aveirense; Pavilhão 1; CUA; Mercado Negro; Taberna do Rockabilio; Café Amizade; e VIC, são alguns dos locais que vão receber eventos do GrETUA, que apenas voltará ao seu espaço habitual em finais de Novembro, com o evento Supernova.
A experiência não é nova e entra dentro do que o GrETUA vem assumindo como missão há já alguns anos: trabalhar a partir da Universidade de Aveiro, mas enriquecendo o território da Cidade e da Região de Aveiro.
Para além dos muitos lugares que vão acolher a actividade cultural do Grupo, haverá o relançamento do projecto Heras, desta feita com a parceria da Universidade de Aveiro e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que levará artistas a casa de estudantes a residirem no concelho de Aveiro.
Os artistas chegarão a Aveiro um pouco de todo o lado: Marrocos e Tunísia (através do colectivo francês Aita Mon Amour), Itália (com Paolo Angeli), Alemanha (com Julius Gabriel) e o Brasil, com o Brasileiro Leo Middea, já radicado em Portugal desde 2017.
Na área do Teatro, tempo para a criação de um espectáculo da autoria do ilhavense David Calão, com o apoio do aveirense Nuno dos Reis e a interpretação do portuense António Afonso Parra. O Curso de Formação Teatral voltará com algumas caras conhecidas e algumas novas, a serem anunciados durante as próximas semanas.
Já na Dança, o grupo vai acolher a recriação de dois espectáculos de Paulo Ribeiro “Encantados de Servi-lo & Comédia Off”, e na área do cruzamento multidisciplinar haverá lugar à performance de Inês Carincur, num espectáculo subaquático que dará que falar: Echoes from a liquid memory.
Voltam também os festivais Supernova e Aveiroshima. Supernova trará ao GrETUA alguns nomes conhecidos “Conferência Inferno” e “MAQUINA” e os estreantes em Aveiro “Cobrafuma”. O Aveiroshima, agendado para dia 22 de Dezembro, anunciará o lineup mais tarde, prometendo o que sempre promete: cacofonia, copos e catarse, não necessariamente por essa ordem.
Pelo meio, o experimentalismo que foge mais do jazz do que se apoia nele, chegará através dos percussionistas Pedro Melo Alves e João Pais Filipe, que abrirão as portas de uma noite que o duo aveirense Palestra Purgatório promete tornar mais longa.
Serão quatro meses que o GrETUA desenhou através do verso “Se o GrETUA faz falta, imagina a falta que tu fazes”, e que explica através de um editorial que versa assim:
“‘Manboo’ é a maior cadeia de cibercafés do Japão, um dos países com maior taxa de suicídio entre os jovens e a população de meia idade. O que particulariza ‘Manboo’, em relação a outras marcas, é um segundo serviço que oferece: a possibilidade de transformação de cubículos com acesso à internet em lugares de habitação permanente.
Vivem, nestes lugares de quatro metros quadrados, um sem número de pessoas: desempregados que perderam as famílias, jovens que pertencem à força laboral mais precária, ‘otakus’ alheados da restante realidade civil, e demais refugiados do mundo contemporâneo.
A ironia será, talvez, que este movimento possa pertencer menos ao domínio do exílio hipercapitalista do que à colonização de um futuro que parece esperar-nos a todos. Estes pioneiros de uma distopia por vir, não estão desenhados no mapa japonês, nem em qualquer outro, mas fazem apesar disso parte de um território, mesmo que frágil e quase completamente digitalizado e fragmentado.
O futuro, sabemos, orgulha-se sempre de possuir razão, e de certa maneira é como se John Donne já estivesse errado: afinal, não é como se ninguém fosse uma ilha – é como se já todos o fôssemos.À Cultura, resta-lhe ser o que sempre foi, muito mais do que cartografia: o seu gesto. Porque entre um traço e um desenho existe ainda a intenção.
Este quadrimestre, ao invés de desenharmos de dentro para fora, faremos o oposto.Passaremos por alguns lugares que fazem parte da formação do território que habitamos. A VIC, o TA, o MN, o Rockabilio, o Café Amizade, a Universidade de Aveiro, etc., até voltarmos para o nosso espaço, em Novembro. De igual maneira, retomaremos o projecto ‘Heras’, em que levaremos, em parceria com a UA, alguns dos nossos artistas à casa de estudantes que residam em Aveiro.
Quanto à programação, tentámos que lhe coubesse o mundo: desde o Brasil, com Leo Middea, à tradição árabe com Aita Mon Amour, e à Sardenha de Paolo Angeli, passando ainda por um berlinense com pegada em Portugal, o Julius Gabriel. As ilhas chegam com Vaiapraia, o futuro pela Inês Carincur, e o passado pela recriação de dois espectáculos de Paulo Ribeiro. A Supernova traz de volta o GrETUA: Conferência Inferno, MAQUINA, e Cobrafuma. Quanto ao Pedro Melo Alves, traz o João Pais Filipe, ou vice-versa, e um texto do nosso David Calão, trará António Afonso Parra, mais vezes do que gostaria, à nossa cidade.
Há quase 45 anos, a imagem do GrETUA tornou-se, por absoluto acaso, a representação de uma mão. E a imaginação de uma mão, é apontar.
Encontramo-nos ali.”