Marcelo Rebelo de Sousa, uma lição de vida
Marcelo Rebelo de Sousa falou ontem aos miúdos da “telescola”. Acabei de o ouvir e sinto-me na obrigação de dizer, (como português e pai), que tenho orgulho no Presidente da República. Tenho orgulho e sinto-me representado pelo que é, pelo que lhe pressinto, pelo que nele é foco e esperança.
Marcelo consegue falar do que é complexo com uma enormíssima simplicidade. O que diz é entendido por uma professora catedrática, um operário, uma empregada de limpeza ou um empresário. Por um adulto e uma criança. Por um jovem e um velho.
Parece uma coisa fácil, mas não o é. Na verdade, é extremamente difícil. Sobretudo para ele, nascido de uma elite, académico com trono na pesada Faculdade de Direito, homem para quem o trunfo da simplicidade não seria a carta mais óbvia.
Marcelo nunca foi aceite pelos académicos por isso mesmo… mas as constantes provas académicas obrigaram-nos a meter a viola no saco.
Marcelo nunca foi bem aceite pela direita por ser demasiado heterodoxo… mas no final das contas tiveram de o aceitar tal como ele é.
Marcelo nunca foi bem visto pela esquerda pelo passado do pai e por ter tido como padrinho Marcello Caetano… mas hoje uma parte substancial da esquerda aplaude-o e nele votará sem ter que engolir um elefante.
Marcelo era execrado pelos comunistas e bloquistas por corporizar tudo o que deve ser combatido… mas hoje, tanto Jerónimo Martins como Catarina Martins certamente que reconhecerão que é um democrata que nunca desconsiderou PCP ou BE.
O Presidente da República falou ontem aos miúdos portugueses. Deu-lhes uma lição de vida sem paternalismos excessivos. Falou-lhes de coragem, de responsabilidade, de afetos, dos mais velhos, de ser português, deste tempo de pandemia que nos obriga a todos a crescer mais depressa.
Aos que têm bons resultados falou olhos nos olhos. Têm o dever de assim continuar porque o mundo é largo para os que amam conhecer.
Aos que tiveram maus resultados falou olhos nos olhos. Porque na vida ganha-se e perde-se, tudo se faz disso e dos ensinamentos que ela nos traz e propõe.
Confessou-se ansioso dos abraços, do contacto das pessoas, de poder voltar a ser o que está próximo.
Na democracia não há nada pior do que o unanimismo.
Mas também é verdade que há poucas coisas piores do que a cegueira de achar que no país existem por aí “Marcelos” aos pontapés.
Faz-me lembrar uma anedota de criança. Quando alguém se aproximava de nós e perguntava se gostávamos deste ou desta. Nós respondíamos que o “este” ou “esta” não eram nada de especial, o que motivava a fatal contra resposta – “tens de me mostrar o teu caixote do lixo”.
É o que me vem à cabeça quando vejo algumas críticas a Marcelo. Dá-me vontade de lhes perguntar pela morada do seu caixote do lixo… porque me interessava lá ir para ficar com as suas sobras.