Marcelo Rebelo de Sousa, uma lição de vida

por Luís Osório,    16 Junho, 2020
Marcelo Rebelo de Sousa, uma lição de vida
Fotografia RTP
PUB

Marcelo Rebelo de Sousa falou ontem aos miúdos da “telescola”. Acabei de o ouvir e sinto-me na obrigação de dizer, (como português e pai), que tenho orgulho no Presidente da República. Tenho orgulho e sinto-me representado pelo que é, pelo que lhe pressinto, pelo que nele é foco e esperança.

Marcelo consegue falar do que é complexo com uma enormíssima simplicidade. O que diz é entendido por uma professora catedrática, um operário, uma empregada de limpeza ou um empresário. Por um adulto e uma criança. Por um jovem e um velho.

Parece uma coisa fácil, mas não o é. Na verdade, é extremamente difícil. Sobretudo para ele, nascido de uma elite, académico com trono na pesada Faculdade de Direito, homem para quem o trunfo da simplicidade não seria a carta mais óbvia.

Marcelo nunca foi aceite pelos académicos por isso mesmo… mas as constantes provas académicas obrigaram-nos a meter a viola no saco.

Marcelo nunca foi bem aceite pela direita por ser demasiado heterodoxo… mas no final das contas tiveram de o aceitar tal como ele é.

Marcelo nunca foi bem visto pela esquerda pelo passado do pai e por ter tido como padrinho Marcello Caetano… mas hoje uma parte substancial da esquerda aplaude-o e nele votará sem ter que engolir um elefante.

Marcelo era execrado pelos comunistas e bloquistas por corporizar tudo o que deve ser combatido… mas hoje, tanto Jerónimo Martins como Catarina Martins certamente que reconhecerão que é um democrata que nunca desconsiderou PCP ou BE.

O Presidente da República falou ontem aos miúdos portugueses. Deu-lhes uma lição de vida sem paternalismos excessivos. Falou-lhes de coragem, de responsabilidade, de afetos, dos mais velhos, de ser português, deste tempo de pandemia que nos obriga a todos a crescer mais depressa.

Aos que têm bons resultados falou olhos nos olhos. Têm o dever de assim continuar porque o mundo é largo para os que amam conhecer.

Aos que tiveram maus resultados falou olhos nos olhos. Porque na vida ganha-se e perde-se, tudo se faz disso e dos ensinamentos que ela nos traz e propõe.

Confessou-se ansioso dos abraços, do contacto das pessoas, de poder voltar a ser o que está próximo.

Na democracia não há nada pior do que o unanimismo.

Mas também é verdade que há poucas coisas piores do que a cegueira de achar que no país existem por aí “Marcelos” aos pontapés.

Faz-me lembrar uma anedota de criança. Quando alguém se aproximava de nós e perguntava se gostávamos deste ou desta. Nós respondíamos que o “este” ou “esta” não eram nada de especial, o que motivava a fatal contra resposta – “tens de me mostrar o teu caixote do lixo”.

É o que me vem à cabeça quando vejo algumas críticas a Marcelo. Dá-me vontade de lhes perguntar pela morada do seu caixote do lixo… porque me interessava lá ir para ficar com as suas sobras.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.