Voltemos ao amor, só para definir que é o destino (o mektoub) que o decidirá. Por isso mesmo, o seu primo Toni e a sua melhor amiga Ofélie alternam entre o restaurante da família, a praia e as discotecas. Mas Toni sabe tudo sobre a arte do engate e na praia logo seduz outras duas francesas em férias. Veremos celebrações de alegria e sensualidade em banhos festivos na praia, onde por vezes a contraluz adorna aos corpos uma patine extra de beleza e mistério. Tal como o mistério do nascimento das cabras que de imediato se coloca, de pé, prontas a enfrentar a vida, também estes jovens sorvem o néctar da celebração da vida na dança, no sexo, na alegria. Se calhar, isto já é suficiente para fazer uma pequena obra-prima, não?
É claro que o filme até poderia ser editado com algumas sequências que ultrapassem o apelo e o timing habituais. Primeiro, na discoteca, uma sequência com meia hora de duração, embora com alguns segmentos repetitivos; depois, um outro número musical a denotar a mesma repetição já depois de esgotado o prazer da cena. Isso estraga o filme? Negativo. Mesmo ultrapassando os ligeiros apupos, como a colega francesa que argumentou estar cansada de ver tantos rabos. Pode ser. Eles existem, sim senhor, no meio deste filme extremamente sensual – talvez um dos mais sensuais que vimos –, embora nunca exploratório e apenas no ritmo como esse querido verão estava a ser desfrutado por todos.
Perdoe-se a usurpação do título do filme de Miguel Gomes para ilustrar esta nostalgia de verão. Tão somente para partilhar esses momentos distendidos em que tudo é mesmo possível. Em que o amor e as paixões carregam as hormonas e fazem homens mulheres de jovens e adolescentes. É como diz Kechiche nas notas de produção: este filme pretende ser um hino à vida e à luz, uma ode à beleza. Bonito.Artigo escrito por Paulo Portugal, em parceria com Insider.pt