Morricone nega insultos e considera Tarantino um dos melhores realizadores de sempre
Em 2015, em entrevista ao The Guardian em 2015, o Maestro Ennio Morricone mostrava-se desanimado com a qualidade das composições musicais para cinema, mas reconhecia Hans Zimmer e John Williams como dois dos grandes nomes da área em Hollywood.
“Quando me contratam para compor uma banda sonora, começo por ver o filme. A partir daí, é como se estivesse grávido: ocupo-me exclusivamente da ‘criança’ e não paro de pensar na música, até quando vou à mercearia.”, Ennio Morricone
Já em 2016, quando ganhou o Óscar de Melhor Banda Sonora com o filme “The Hateful Eight”, de Quentin Tarantino, o compositor de bandas sonoras de filmes como “O Bom, O Mau e O Vilão”, de Sergio Leone, “Dias do Paraíso”, de Terrence Malick, “A Missão”, de Roland Joffé ou “Passarinhos e Passarões”, de Pasolini, não poupou críticas à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, negando que a cerimónia de 2016 o tenha emocionado: “Disparates. Estava era com dores por ter estado sentado tanto tempo no avião e durante a cerimónia. Se parecia feliz era porque sabia que estava quase a ir embora.” Morricone expressou ainda que desejava não ter de voltar aos EUA “por causa da vergonha que são os Óscares”.
No passado fim-de-semana, a revista alemã da Playboy revelou que Morricone tinha chamado de Quentin Taratino de cretino e que este considerava os seus filmes lixo: “O homem é um cretino. Rouba ideias aos outros e recicla-as. Isso não tem nada de original. Ele não é um realizador que possa ser comparado a John Huston, Alfred Hitchcock ou Billy Wilder. Esses eram geniais”, afirmou o compositor. O compositor italiano disse ainda, segundo a Playboy alemã, que não era fã dos filmes de Tarantino e que este lhe liga de repente e que “quer uma banda sonora composta do pé para a mão, o que é impossível” e que isso o “deixa furioso.”
No entanto, e através de um comunicado do próprio Ennio Morricone, o compositor nem participou na entrevista da edição alemã da Playboy, como se pode ler:
“Tive conhecimento que a edição alemã da revista Playboy publicou um artigo no qual afirma que proferi críticas extremamente negativas a Quentin Tarantino, aos seus filmes e à academia. Nunca expressei qualquer tipo de afirmações sobre a academia, Quentin ou os seus filmes; e certamente não considero os seus filmes lixo. Pedi ao meu advogado que iniciasse um processo legal contra a revista.“, o Maestro italiano vai mas longe dizendo: “Considero Tarantino um grande realizador. Orgulho-me da minha colaboração com ele e da relação de amizade que construímos enquanto trabalhámos juntos. Ele é corajoso e tem uma personalidade enorme. A esta colaboração devo o facto de ter vencido o Óscar, que considero um enorme feito na minha carreira, e estar-lhe-ei sempre grato por me ter possibilitado compor música para o seu filme.“. Morricone completou ainda dizendo: “Em Londres, durante uma conferência de imprensa que dei diante Tarantino, afirmei claramente que considero Tarantino um dos melhores realizadores de sempre, e nunca diria mal da academia, uma instituição de grande renome que me presenteou com dois dos maiores reconhecimentos da minha carreira.”