Museu Nacional Resistência e Liberdade celebra 25 de Abril com homenagem a Aristides de Sousa Mendes
Vídeo-escultura de Werner Klotz é a peça central da exposição internacional “Candelabro ASM”.
“Candelabro ASM – Aristides de Sousa Mendes: o Exílio pela Vida” é a primeira exposição internacional do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL), a inaugurar por ocasião das comemorações do 25 de Abril. Chega a Portugal na sequência uma parceria entre a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), a Sousa Mendes Foundation, de Nova Iorque e o Comité Sousa Mendes, de Bordéus.
Werner Klotz, artista residente em Berlim que se tem notabilizado no domínio da arte pública, é o autor da vídeo-escultura a expor, obra contemporânea de grande porte que interpreta o dilema de Aristides de Sousa Mendes nos dias anteriores à decisão que salvaria milhares de vidas do terror nazi.
Esta homenagem, no âmbito da programação cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, tem a particularidade de unir pessoas e vontades de cinco países – Portugal, França, Alemanha, EUA e Canadá – em torno do justo reconhecimento de um resistente e de um herói.
Constituindo uma evocação do legado de Aristides de Sousa Mendes, tanto artística como documental, a exposição “Candelabro ASM” está assim em linha com a missão assumida pelo MNRL enquanto Museu de Memória, vocacionado para a disseminação dos valores e princípios de Cidadania, dos Direitos Humanos e da Liberdade.
A exposição abre ao público a 27 de abril próximo, data em que se comemora a libertação, em 1974, dos presos políticos da antiga cadeia na Fortaleza de Peniche. Poderá ser visitada de quarta a sexta-feira das 14:00 às 18:00, ao sábado e ao domingo das 10:00 às 13:00 horas, até outubro de 2021. A entrada é livre.
No ano de 1940, em plena II Guerra Mundial, o cônsul português em Bordéus, perante o desespero dos refugiados que fugiam do avanço das tropas alemãs, decidiu agir de acordo com a sua consciência e valores, desobedecendo às ordens que recebera do governo de Salazar e assinando milhares de vistos para Portugal. Este gesto levou-o ao exílio no próprio país e a enfrentar duros sacrifícios.
Aristides de Sousa Mendes foi proscrito até à morte pelo regime fascista. A grandeza do seu gesto seria reconhecida pelo Estado Português em 1988, ao ilibar a sua memória e repor o seu estatuto de diplomata. A 3 de abril de 2017, dia do aniversário da sua morte, Portugal atribui a Aristides de Sousa Mendes a Grã Cruz da Ordem da Liberdade. Mais recentemente, em junho de 2020, o Parlamento vota por unanimidade que lhe sejam concedidas honras de Panteão Nacional.
À luz do tempo presente Aristides de Sousa Mendes continua a ser símbolo de coragem, abnegação e amor à Humanidade, valores que importa exaltar, e fazer ecoar, num mundo
ainda dizimado por atentados aos Direitos Humanos, regimes opressores e inúmeros conflitos armados que levam à fuga de populações e a cenários de miséria, sofrimento e morte.