Não é populismo é fascismo
Não devemos ter medo de lançar mão das palavras que melhor servem o propósito de elucidação ou esclarecimento. E como precisamos de esclarecimento nos dias de hoje! O mundo mudou. Já não é uma questão de movimentos isolados, mas de um movimento que tem vindo a ganhar apoiantes nos quatro cantos do mundo e por ele se prolifera com a gana de quem quer poder. Não nos é possível olhar para o actual estado de coisas sem chegar à conclusão que são tempos perigosos estes em que vivemos.
O fascismo está aí.
Por ventura, nem sonhamos que, um dia, pudesse o ódio voltar a sobrepor-se à solidariedade fraterna entre os povos e tão pouco imaginamos que, apenas umas décadas depois, veríamos o mundo resvalar novamente para uma galopante esquizofrenia obscurantista.
Cheira a mofo por esse mundo fora. É bafiento o ar que corre livremente e que faz rodar as ventoinhas do populismo que agita bandeiras sem conta e se exalta nos grandes palcos deste velho planeta. Talvez velho o suficiente para se dar conta daqueles que, novamente querem lançar a europa e o mundo na escuridão do pensamento.
Marie le Pen na França, Salvini na Itália, Trump nos Estados Unidos, Orban na Hungria e Bolsonaro no Brasil. Estes são só alguns dos rostos que dão a cara a um forte movimento de ódio, autoritário e brutal, que tem vindo já a causar vítimas. Estamos a assistir à ascensão do Fascismo e do Imperialismo. Esta ideologia tem fortes alicerces no capital e é com este que conta para poder subir ao poder e, a partir dele, continuar a beneficiar os que já são beneficiados e esmagar brutalmente aqueles que apenas deverão servir para engordar as já gordas barrigas dos senhores burgueses. Não é por acaso que os mercados reagem com euforia com os avanços do populismo e às recentes tomadas de posição de Trump e da comunidade internacional. O mercado entra em euforia, porque o autoritarismo é benéfico para os negócios.
O Fascismo e o Capitalismo andam de mãos dadas.
Com o aumento das desigualdades e a divisão do mundo entre muito ricos e muito pobres, foi possível à direita incutir o discurso dos maus e dos vilões e apontar o dedo ao progresso por todos os males que habitam a terra. Recuperaram o discurso das fatalidades, renovaram o radicalismo religioso e usam as divisões para poderem reinar.
Se o mundo continuar a acreditar que esta crise se dissipará por obra e graça do espírito santo, ver-se-á resvalar para a escuridão, iluminada apenas e só, pelo providencialismo característico do fascismo. Não é possível combatê-lo sem perceber o que está na sua origem: A exploração do Homem pelo Homem. Este regime é o braço armado do capitalismo e quando falo em braço armada quero dizê-lo como digo – literalmente. Vemos a acção agressiva do capitalismo todos os dias, desde o Brasil à Hungria e desde a Itália à Venezuela; nuns governam, noutros não deixam governar.
Reclamam o direito às armas e amam dizer a palavra prisão.
O fascismo está aí, mascarado com muitas cores e palavras. Quando o capital está doente é por norma o fascismo que aparece para o amparar e, quando aí estiver de peito aberto, é chegada a nossa vez de gritar: Não passarão!
Crónica de Fernando Teixeira