Novo livro da filósofa Nancy Fraser, “Capitalismo Canibal”, chega às livrarias portuguesas
“Como enfrentar um sistema que devora a democracia, as condições de existência e o planeta” é o mote deste novo livro de Nancy Fraser. “Capitalismo Canibal” (ed. Antígona) tem tradução de Miguel Serras Pereira e chega este mês às livrarias nacionais.
“Nancy Fraser é uma lendária filósofa radical da melhor tradição marxista e feminista, cujo abraço genuíno e compreensão profunda dos movimentos negros, ecológicos, de imigrantes e de liberdade sexual fazem dela uma figura única.“, sublinha Cornel West, filósofo, escritor, actor norte-americano, sobre o novo livro de Nancy Fraser, professora de Filosofia e de Ciência Política e Social na New School for Social Research, em Nova Iorque.

Omnívoro e alarve, o capital canibaliza todas as esferas da vida, sugando recursos naturais, explorando populações racializadas e minando a prática política. Se à actual urgência climática acrescem crises económicas sucessivas, o colapso da democracia e uma crescente hostilidade face a minorias, “Capitalismo Canibal” (2022), síntese do labor investigativo de Nancy Fraser, traça a linha que une todos os pontos – o apetite insaciável de um modelo económico e social arrasador – e propõe-nos que imaginemos novos sistemas para o substituir.
O capitalismo separou brutalmente os seres humanos dos ritmos naturais e sazonais, recrutando-os para a laboração industrial, alimentada por combustíveis fósseis, e para a agricultura em vista do lucro, com recurso a fertilizantes químicos. Ao mesmo tempo, o neoliberalismo promete obliterar a fronteira natureza/humano, como é bem visível nas novas técnicas reprodutivas e na evolução contínua dos ciborgues. Longe de proporcionarem uma “reconciliação” com a natureza, esses desenvolvimentos intensificam a sua canibalização pelo capital.
Nancy Fraser é professora de Filosofia e de Ciência Política e Social na New School for Social Research, em Nova Iorque, e integra a Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos. Activista e investigadora com obras traduzidas em mais de vinte línguas, consagrada pelo seu trabalho em torno dos conceitos de redistribuição e reconhecimento na teoria da justiça, a sua voz é hoje especialmente relevante por se debruçar sobre as divisões nas frentes da luta progressista e por evidenciar a relação entre o capitalismo e a crise ecológica, os movimentos feministas e a ascensão do populismo de direita.

