O CDS morrerá de tanta vitalidade
Francisco Rodrigues dos Santos foi eleito presidente do CDS. Não me é difícil entender a escolha. Às duas por três as pessoas, mesmo os militantes mais velhos, devem ter pensado que o melhor era arriscar uma opção radical, um jovem enérgico, atrevido e reacionário (um ultramontano mascarado de futuro).
Hoje foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa. O encontro durou uma hora e Francisco, notoriamente deslumbrado, fez a pose que acha ser a pose de Estado. Falou do seu grupo parlamentar, da recandidatura de Marcelo (a que não prometeu apoio), do futuro e até de Joacine com uma deselegante frase: “Nós no CDS não temos Joacines”.
Estou às voltas e não sei bem o que escrever. Porque me apetece dizer uma coisa que não me fica bem: estou reconhecidamente a ficar velho e, mais relevante do que isso, a aproximar-me de um pensamento conservador. É que só me apetece rir ao ver Francisco discursar como líder de um partido como o CDS. Não por ter 31 anos, mas por ser um miúdo de 31 anos. Muitos políticos assumiram lugares importantes até mais novos, mas não eram miúdos. Não soavam a falso quando levantavam a voz. Não se desmascaravam quando abriam os olhos para mostrar coragem ou para provar que eram “sexy’s” ou qualquer coisa do género.
Francisco Rodrigues dos Santos ameaçou que o seu escritório será nas ruas do país, a falar com as pessoas… muito bem, não preciso que me diga mais nada. A democracia está a transformar-se, ainda mais do que antes, num espetáculo para a televisão, um reality show de afetos, um programa feito na rua com o povo reduzido ao estatuto de muleta de populistas bacocos.
Que coisa estranha discursar como líder do CDS, partido fundado por Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa. Se estiver equivocado pedirei desculpa, mas ver Francisco Rodrigues dos Santos no palco a perorar sobre o futuro do país faz-me acreditar que (agora sim) tudo será mesmo possível.
Quanto aos militantes que votaram em Francisco pensam certamente que o rapaz terá a energia para conseguir salvar o CDS. Boa sorte, meus caros. O salto no escuro começou, quando chegarem lá abaixo poderá ser demasiado tarde, mas faço votos para que, ao menos, se divirtam.
PS: E tomei boa nota do número de mulheres na lista vencedora.