O multifacetado Steven Wilson brilha novamente, desta vez com o seu Pop Progressivo

por João Miguel Fernandes,    9 Dezembro, 2017
O multifacetado Steven Wilson brilha novamente, desta vez com o seu Pop Progressivo

Não foi preciso esperar muito para que um dos génios do rock progressivo contemporâneo voltasse à carga com um novo álbum. Após o excelente “Hand. Cannot. Erase.”, um álbum carregado de psicadelismo e do melhor rock progressivo que podemos ouvir nos últimos anos, Steven Wilson decidiu desafiar-se a si próprio e elevar a sua paixão pelo progressivo para o pop, criando um novo álbum totalmente inspirado no que, por exemplo, fez Peter Gabriel após a saída dos Genesis em 1975.

Esta homenagem à pop com uma abordagem tecnicamente mais complexa, originou este “To the Bone”, um álbum que tem convencido a crítica, mas não o seu público fiel, altamente ligado ao rock progressivo clássico que Steven Wilson tem criado nos últimos anos tanto a solo como com os seus Porcupine Tree ou outros mil e um projectos em que esteve envolvido.

À primeira vista “To the Bone” não parece assim tão distante do que já ouvimos do multifacetado músico britânico, mas conforme vamos mergulhando de forma mais atenta e profunda neste álbum, começamos a aperceber-nos que algumas coisas mudaram. Os longos riffs e elementos psicadélicos mais ligados aos Porcupine Tree (Voyage 34) desapareceram, mas não completamente. O psicadelismo deu origem a momentos mais electro-dançantes, adjacentes a uns Depeche Mode, por exemplo. A composição continua a ter diversos elementos progressivos, a começar pela duração das faixas. Se “Blank Taps” tem apenas 2 minutos, “To the Bone”, “Refuge” e “People who eat darkness” têm cerca de 6 minutos, enquanto “Detonation” chega aos 9.

O álbum guia-nos novamente numa viagem com uma atmosfera única repleta de momentos musicais arrepiantes, como as faixas “Nowhere Now” and “People who eat Darkness”. Apesar da atmosfera dançante e pop, o álbum está repleto de letras depressivas e negras, bem ao estilo de Steven Wilson, mostrando uma vez mais a sua excelente capacidade de escrita e a enorme facilidade que possui enquanto artista a adaptar-se a qualquer estilo, transpondo a sua identidade para qualquer campo.

Se começamos com uma vibe mais dançante e pop, terminamos com elementos mais rock e místicos, embora pelo meio sejamos surpreendidos com rasgos de Synth-pop. Steven Wilson brinca com os elementos e transforma-os a seu gosto, colaborando com mais de uma dezena de músicos, entre eles a fantástica Ninet Tayeb, que empresta a sua voz a 6 canções, três delas como elemento principal. Contudo, o single “Pariah”, por mais emocional que seja é uma das músicas mais fracas do álbum, não absorvendo nenhum dos elementos que fazem deste álbum um dos melhores dentro do universo da Pop (Podemos dizer isto?): a influência da música electrónica e os elementos base do rock progressivo.

“Detonation” e “Song of Unborn” fecham com chave de ouro o álbum, com uma especial mensagem a Deus e ao criador de tudo e todos na penúltima musica, enquanto a última se dedica ao desafio que é enfrentar a morte e combater a monotonia de forma vivermos realmente:

“Great God, I don’t believe in you
But still I will do
What you want me to
Stand up and fight in the city streets
This much I know
You expect of me”

E

“Don’t be afraid to die
Don’t be afraid to be alive
Don’t be afraid to die
Don’t be afraid to be alive
Don’t be afraid”

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