O que significa falar de Moda
Palavra muito usada, quando nos referimos a “moda”, tanto podemos estar a falar de roupa, como de matemática ou simplesmente de algo que esteja “de moda”. Na matemática, a moda é o elemento que mais vezes se repete ou que maior presença tem num grupo de elementos que observamos. Por exemplo, se a um grupo de 5 pessoas perguntarmos qual é o seu número preferido e 2 delas disserem “7” e cada uma das outras disser um número distinto entre eles, então a moda é 7. Por outro lado, se todas as 5 pessoas disserem um número diferente, não há moda. Assim, a moda é o elemento que mais vemos repetido num grupo que estamos a observar.
No entanto, quando se fala de moda, em geral, as pessoas pensam em roupa que está a ser usada por bastantes pessoas no seu contexto, pelo menos por comparação com o resto de roupas, ou seja, é o estilo de roupa que mais se repete no grupo observado. Em relação à sua palavra origem em latim, há duas versões. Vemos muitas vezes que moda deriva de “modus”, que significa maneira, género, medida ou critério regulador de decisões. Não obstante, também se defende “mos” como palavra origem. Esta representa o costume, o uso, o hábito, a norma. Ainda que seja uma indústria que produz e vende roupa, é muitas vezes designada por “Indústria da Moda” e não “Indústria da Roupa”, ou em inglês por “Fashion Industry”. A palavra inglesa, por sua vez, deriva do francês “façon” que evoca a arte de fazer ou construir, que por sua vez deriva do latim “facere”. Por tanto, aqui a palavra tem uma origem mais artesanal que de uso propriamente.
“Fashion changes, but style endures.”, Coco Chanel
Assim, de um modo geral, moda é algo de aceitação geral dentro de um determinado grupo de pessoas inserido num contexto. Podemos identificar quando foi a moda dos leitores de CD portáteis, que já não se usam, rapidamente substituídos pelo MP3. A ligação com a roupa é a mais natural e ao olharmos para fotos recentes no Instagram ou quando vemos filmes antigos a preto e branco podemos identificar claramente diferenças nos “costumes”, algo que deve ser inserido num grupo de pessoas e num tempo concreto. Estas mudanças no vestir foram evoluindo por diferentes factores. Desde os descobrimentos que permitiram exportar material de confecção de país para país, bem como por descobertas tecnológicas e, claro, por fenómenos sociais. Assim, as “modas” no vestir mudaram devido a diversos factores, não só por influência de figuras públicas ou publicidades eficazes. Um dos principais motivos para usar roupa desde origem, tem que ver com a natural insatisfação do Homem face às formas do seu corpo. As roupas permitem, por exemplo, aos homens parecerem mais robustos ou às mulheres parecerem mais atractivas ou provocadoras. Nos anos 80, o vestido da mulher tornou-se cada vez mais “masculino”, pela sua entrada no mercado de trabalho. Por exemplo, o uso de calças em mulheres passou a ser, ainda mais “aceitável” socialmente. Outro papel da roupa, era o de permitir a distinção de classes sociais. Algo que, de certo modo, ainda está presente nos dias correntes.
Muitas empresas de roupa estão já a usar inteligência artificial para detectar estas “modas” através da análise de dados e reconhecimento de imagens, de forma a identificar os padrões que mais se repetem. O objectivo é identificar o que a maioria das pessoas querem, copiar e colocar rapidamente à venda, um processo que é muito mais complexo do que primeiramente parece. As roupas de alta costura são bastante caras, e como tal acessíveis a poucos, já são consideradas como “Indústria do Luxo” e não da moda. Estas têm uma estratégia e posicionamento no mercado totalmente diferente. É de facto outro campeonato. Um bom exemplo disto são as roupas do personagem interpretado por Daniel Day-Lewis no belíssimo “Phantom Thread”, escrito e realizado por Paul Thomas Anderson.