Odisseia Nacional do D. Maria II passa último trimestre do ano no sul de Portugal

por Comunidade Cultura e Arte,    20 Setembro, 2023
Odisseia Nacional do D. Maria II passa último trimestre do ano no sul de Portugal
“Batalha” / Fotografia de Alípio Padilha
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A Odisseia Nacional do D. Maria II está a percorrer o país desde janeiro, altura em que o Teatro encerrou para obras. Depois do Norte, Centro e dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, o ano conclui-se a Sul, com programação no Alentejo e no Algarve entre outubro e dezembro.

Em janeiro deste ano, o Teatro Nacional D. Maria II encerrou as suas portas, para obras de requalificação, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. Com o edifício do Rossio encerrado por mais de um ano, o Teatro encontra-se a viver uma verdadeira Odisseia Nacional. Um projeto composto por centenas de propostas, desenvolvidas em parceria com 93 concelhos de todas as regiões de Portugal continental e ilhas. Depois de ter passado pelas regiões Norte e Centro do país, no primeiro e segundo trimestre do ano, respetivamente, pelo Açores em julho e pela Madeira em setembro, o Teatro chega agora ao Sul do país, com uma programação que se desenrola em 24 concelhos do Alentejo e do Algarve, entre outubro e dezembro.

A programação da Odisseia Nacional a Sul, arranca já no final deste mês, com a apresentação pública do projeto de participação Penélope (a 29 de setembro e 1 de outubro), que está a ser desenvolvido pela estrutura UMCOLETIVO, em Mértola. Ao mesmo tempo, inaugura em Évora a exposição Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa. Depois de ter passado por Águeda, Caldas da Rainha, Viseu, Ribeira Grande e Funchal, esta exposição desenvolvida pelo D. Maria II em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, chega agora a Évora, onde estará patente na Galeria de Exposições da Casa de Burgos e na Biblioteca Pública de Évora, entre 30 de setembro e 21 de outubro.

“A Farsa de Inês Pereira” / Fotografia de Andy Dyo

A partir de materiais documentais – figurinos e trajes, fotografias, registos sonoros e audiovisuais, programas, objetos de cena, imprensa –, a exposição Quem és tu? produz um comentário crítico à história social e política que o país construiu, partindo da história do Teatro Nacional D. Maria II e da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, desde a ditadura do Estado Novo até à atualidade. Depois de Évora, poderá ainda ser visitada em Sines, de 28 de outubro a 18 de novembro, e em Faro, de 24 de novembro a 16 de dezembro.

Ao longo de três meses, o Alentejo e o Algarve serão palco para a apresentação de 9 espetáculos (4 deles, em estreia nacional), 11 projetos de participação, desenvolvidos com as comunidades de 16 concelhos, espetáculos para escolas, laboratórios teatrais e atividades para todos os níveis de ensino, um programa de formação gratuita destinado a artistas e a profissionais da cultura e ainda um evento de pensamento (Cenários Futuros), que decorrerá em Loulé a 15 e 16 de dezembro e onde se pretende projetar novos caminhos para a cultura nacional.

Dos espetáculos em digressão neste último trimestre do ano, dois têm estreia absoluta agendada para o Alentejo e dois estrearão no Algarve:

·       A Farsa de Inês Pereira, uma encenação de Pedro Penim, a partir de Gil Vicente, estreia em Évora a 20 de outubro, no mesmo dia em que será lançado em livro o texto do espetáculo, numa edição TNDM II / Bicho-do-Mato (coleção Textos de Teatro). 500 anos após a primeira apresentação d’A Farsa de Inês Pereira, Pedro Penim propõe uma releitura deste clássico, numa encenação que conta com Ana Tang, Bernardo de Lacerda, David Costa, Hugo van der Ding, João Abreu, Rita Blanco e Sandro Feliciano no elenco.

·       Batalha, uma encenação de João de Brito, da companhia algarvia LAMA Teatro, a partir de um texto original de Sandro William Junqueira, tem estreia marcada para Faro, no dia 3 de novembro. A apresentação do espetáculo será precedida do lançamento do livro com o texto original, que integrará a coleção Textos de Teatro do TNDM II / Bicho-do-Mato. Esta é a terceira coprodução que o D. Maria II realiza este ano com companhias artísticas fora do eixo Porto-Lisboa, depois de ter trabalhado com o Teatro da Didascália no primeiro trimestre do ano e com a companhia Terceira Pessoa no segundo trimestre.

·       Homo Sacer, uma criação da estrutura artística Bestiário e da atriz e ativista Maria Gil, estreia a 24 de novembro em Montemor-o-Novo e continua a sua digressão pelo Alentejo até ao final do ano. Tendo como referência o livro Homo Sacer e os ciganos, de Roswitha Scholz, esta criação procura, sob uma perspetiva ao mesmo tempo antropológica e política, refletir sobre o anticiganismo.

  • No final do ano, a 15 de dezembro, Loulé recebe a estreia nacional de La vie invisible, um espetáculo da encenadora francesa Lorraine de Sagazan, com texto de Guillaume Poix, escrito a partir de testemunhos de pessoas cegas e deficientes visuais. No dia anterior, é lançado o livro com a tradução portuguesa deste texto dramatúrgico, numa edição TNDM II / Bicho-do-Mato (coleção Textos de Teatro).

Para além destas estreias, estarão ainda a viajar pelo Alentejo e pelo Algarve: descobri-quê?, uma criação de Cátia Pinheiro, Dori Nigro e José Nunes; Ainda Marianas, de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu / Os Possessos, a partir de Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria João Velho da Costa, e do seu julgamento (uma criação integrada na Rede Eunice Ageas, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II e do Grupo Ageas Portugal); Nau Nau Maria, com criação e direção de Alice Azevedo e integrado no projeto Próxima Cena, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, do BPI e da Fundação ”la Caixa”; O Misantropo – por Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares a partir Molière, com encenação de Mónica Garnel; e ainda Viagem por mim terra, um projeto de escrita desenvolvido pelo dramaturgo moçambicano Venâncio Calisto e que contará com duas leituras encenadas no Sul do país.

O Alentejo e o Algarve são as últimas regiões do país por onde passa a Odisseia Nacional do Teatro Nacional D. Maria II este ano, depois do Norte, do Centro e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Um projeto que se desenrola em mais de 90 concelhos do país ao longo do ano, a Odisseia Nacional integra centenas de propostas agrupadas em cinco programas:

  1. Peças: composto por espetáculos, projetos de criação e lançamentos de livros.
  2. Atos: composto por 43 projetos de participação (divididos em três grandes eixos temáticos: Paisagem, Património e Pessoas), desenvolvidos por 16 estruturas artísticas, que pretendem valorizar o tecido cultural nacional e promover práticas cívicas junto das comunidades. 
  3. Frutos: programa dedicado ao universo escolar, composto por quatro projetos estratégicos e complementares, dirigidos a todos os ciclos de ensino.
  4. Cenários: evento de pensamento que reflete sobre o percurso da Odisseia Nacional e evidencia o trabalho regional, com um olhar agregador sobre a respetiva região, que tem lugar no final de cada trimestre.
  5. Nexos: programa constituído por ciclos de formação e capacitação, que colocam as competências técnicas e de gestão do D. Maria II ao serviço de equipamentos parceiros da Odisseia Nacional e da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses.
  6. E ainda a exposição Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa e desenvolvida em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e o Museu Nacional do Teatro e da Dança.

Com o projeto Odisseia Nacional, o Teatro Nacional D. Maria II estará presente em todo o território nacional, ao longo de um ano, intervindo nas regiões onde já se verifica uma forte dinâmica criativa, mas sendo também catalisador da vida cultural de comunidades onde há menos acesso às práticas artísticas, com particular foco no interior do país,contribuindo para o desenvolvimento da democracia cultural.

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