ONG pede que Suíça investigue a legalidade de “fundação” criada pelos EUA para ajudar Gaza

A organização TRIAL International apelou hoje às autoridades suíças para investigarem se as atividades da Fundação Humanitária de Gaza, que aplicará o plano proposto por Washington e Telavive para aquele território palestiniano, estão em conformidade com o direito internacional.
A Fundação Humanitária de Gaza (FHG), que tem sede na Suíça, é há semanas alvo de críticas por parte da ONU e de outras organizações humanitárias que consideram tratar-se de uma construção que viola as normas internacionais de neutralidade na entrega de ajuda humanitária e da fachada visível de um plano questionável que envolve a presença em Gaza de segurança privada e do Exército israelita para “guardar o perímetro” nos pontos de entrega de alimentos, com os riscos que tal acarreta.
Por isso, a organização não-governamental (ONG) TRIAL International enviou dois pedidos às autoridades suíças para que procedam a uma investigação a esta fundação.
“A Suíça, enquanto Estado depositário das Convenções de Genebra, tem a obrigação de garantir o respeito do Direito Internacional Humanitário, em particular pelas entidades instaladas no seu território”, sustentou a ONG num comunicado.
As ações judiciais intentadas pela TRIAL International têm como objetivo “remediar urgentemente possíveis violações pela FHG de diversas normas do direito nacional e internacional”, em particular as relativas a “serviços de segurança privada” no âmbito das atividades da fundação, como a segurança militarizada dos pontos de distribuição e o rastreio de pessoas.
“O recurso previsto a empresas de segurança privadas conduz a uma perigosa militarização da ajuda, que não se justifica num contexto em que a ONU e as ONG humanitárias dispõem da imparcialidade, dos recursos e dos conhecimentos necessários para entregar esta ajuda sem demora à população civil”, defendeu o diretor executivo da TRIAL International, Philip Grant.
Em resposta ao violento ataque de 07 de outubro de 2023 do grupo islamita palestiniano Hamas – que fez 1.200 mortos e 251 sequestrados -, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, propôs-se “erradicar” o movimento, e o seu Exército lançou horas depois uma ofensiva em Gaza que fez mais de 53.000 mortos e de 120.000 feridos, obrigou os 2,4 milhões de habitantes a deslocarem-se várias vezes em busca de refúgio e causou uma catástrofe humanitária.
Após um cessar-fogo de dois meses, o Exército israelita retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março e apoderou-se de vastas áreas do território.
No início de maio, o Governo de Netanyahu anunciou um plano para “conquistar” Gaza, que Israel ocupou entre 1967 e 2005.