Opinião. Trump vai-se enfiar numa guerra para desviar a atenção do seu impeachment
Trump vai-se enfiar numa guerra para desviar a atenção do seu impeachment. É a receita segura para quando um presidente norte-americano se sente em perigo. Assassinou via drone uma das mais altas figuras militares e políticas do Irão.
A esquerda do costume apressa-se a condenar o acto e de caminho a intervenção imperialista, esta nova guerra, etc.
As primeiras notícias que li sobre a morte deste homem foram nas páginas de refugiados Sírios. Dividiam-se entre festejar ou declarar que não havia nada a carpir. Pela minha parte, não sou a favor do assassinato de ninguém. Nem sou a favor de intervenções militares no estrangeiro, principalmente por parte de regimes autoritários.
Assim acho irónico que se omita o facto da vítima chefiar intervenções militares por parte do Irão no Iraque e na Síria. O Irão, aliado a Putin e a Assad, participou da prisão e tortura de rebeldes, do bombardeamento deliberado de civis e de hospitais.
Irónico, mas não inesperado. A esquerda tankie do costume nega activamente a existência de massacres de civis na Síria, depositando uma fé inabalável no regime de Assad e em Putin. Pode-se matar civis em países estrangeiros, desde que ao serviço do anti-imperialismo. Basta só acusar as vítimas de serem do daesh ou de serem nazis, ou qualquer outro pretexto que permita dormir bem à noite.
E acho irónico que se diga que Trump está a criar uma guerra, quando se limita a entrar numa que já existe e que a esquerda tankie só admite quando lhe dá jeito. Para um Sírio, um Iraquiano ou um Iraniano que seja da esquerda «errada», não só a guerra, mas a tortura, como a prisão, ou o exílio, não são novidade nenhuma, como não é novidade nenhuma os insultos que lhe chegam por parte da esquerda tankie que só é humanitária e pacifista quando se trata de denunciar intervenções americanas ou de Israel, e que só é a favor de revoluções populares quando não são feitas contra regimes neo-estalinistas.