Organizações de defesa de jornalistas dizem que em Gaza “não há qualquer lugar seguro”
Organizações de defesa de jornalistas denunciaram ontem as condições de trabalho destes profissionais na Faixa de Gaza, “onde não há qualquer lugar seguro”, em consequência da resposta israelita ao ataque do Hamas, de 07 de outubro.
“Estejam a trabalhar em campo aberto, em tendas de imprensa colocadas perto de hospitais ou nas suas casas ou em abrigos improvisados, com os seus entes queridos, os jornalistas que continuam a cobrir esta guerra estão em perigo constante de serem mortos”, descreveu a Repórteres sem Fronteiras (RSF), em comunicado.
Também ontem, ao início do dia, o Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ) expressou as suas “graves preocupações” com o colapso da internet e das redes telefónicas na Faixa de Gaza e apelou ao Egito e a Israel que autorizem a entrada de combustível no território palestiniano cercado.
Esta organização de defesa da liberdade de imprensa, baseada em Nova Iorque, afirmou, em comunicado, que o ‘blackout’ das comunicações causado pela falta de combustível na Faixa de Gaza representa “um risco extremo para as vidas dos jornalistas que reportam a partir da Faixa de Gaza”.
Acresce que, “ao impedirem a entrada de combustível na Faixa de Gaza, o governo israelita está a impedir os jornalistas na Faixa de Gaza de fornecerem ao mundo notícias sobre a guerra, o que deixa a comunidade internacional vulnerável à propaganda mortal e à desinformação”, acusou Sherif Mansour, coordenador do CPJ para a região do Médio Oriente e Norte de África.
No seu texto, a RSF adiantou que está em contacto permanente com jornalistas, “que têm feito relatos comoventes do ambiente em que trabalham”.
Um exemplo é a descrição feita pelo correspondente da agência France Press na Faixa de Gaza nos últimos 27 anos, Adel Al Zaanoon. Como disse, ao descrever o seu quotidiano: “Estamos sob pressão constante com bombardeamentos por todos os lados, terra, mar e ar”.
O correspondente da RSF na Faixa de Gaza desde 2018, Ola Al Zaanoon, que foi hospitalizado, depois de ter sofrido os efeitos de um bombardeamento israelita perto de Rafah. Como detalhou: “Fui ferido quando a casa ao lado daquela em que nos tínhamos refugiado foi bombardeada”.
Já Hani Alsaher, jornalista que trabalha para vários meios locais e internacionais na Faixa de Gaza, descreveu o que é noticiar a partir do terreno para ele e os seus camaradas: “As cenas de banho de sangue deixam cicatrizes para sempre nas nossas almas, depois de testemunharmos essas cenas, seja durante os bombardeamentos, seja depois”.