Os Bombay Bicycle Club ateiam a nostalgia em “Everything Else Has Gone Wrong”

por Comunidade Cultura e Arte,    2 Fevereiro, 2020
Os Bombay Bicycle Club ateiam a nostalgia em “Everything Else Has Gone Wrong”
Capa do álbum
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Para bom entendedor, uma publicação em redes sociais a dizer que vão voltar basta. Os Bombay Bicycle Club anunciaram o seu regresso ainda em 2019 e chegaram agora com novo disco, Everything Else Has Gone Wrong. O hiato parece ter refrescado as ideias e a banda traz-nos sonoridades um bocadinho diferentes de So Long, See You Tomorrow.

O indie pop calmo a que nos foram habituando dá lugar ao indie rock assumido que já não aparecia na discografia dos britânicos há… muito tempo. Sabemos que janeiro pode ser um mês interminável, frio e apagado, mas sem dúvida que o álbum – especialmente para quem ansiava este regresso – pode atear a nostalgia e mostrar a paz que precisamos.

Sem dúvida que o álbum é ideal para manhãs improdutivas ou momentos em que a desorientação toma conta de nós. Os sentimentos de escape e de imersão no disco levam-nos a universos paralelos onde tudo é mais colorido. É isso que os Bombay Bicycle Club fazem desde que começaram. “Is It Real?” é um desses exemplos que nos fazem regressar à adolescência – sim, mesmo se acabaram de sair dela – e à energia que caracteriza a flor da idade. “Get Up” é o jump-start do álbum que nos diz à partida “come in, we’re open”. De facto, os britânicos parecem mais recetivos e acolhedores que nunca.

Sente-se, porém, falta de um gancho que nos prenda ao álbum para que não o queiramos largar mais. É relativamente esquecível em alguns momentos e sentimos falta daquele tema que nos faz querer proclamar ao mundo que ele existe e que vai mudar a sua vida. Por exemplo, “Everything Else Has Gone Wrong”, o tema homónimo, é demasiado monótono e exprime alguma falta de exuberância a que estávamos habituados.

Não vale a pena entrar em análises sobre o mundo pós-Brexit e o que ele pode significar para os Bombay Bicycle Club. A realidade é que o mundo deu várias voltas com essas mudanças sociopolíticas e a música também o acompanhou. Este álbum faz-nos sentir bem. Não tem de ter mensagens subjacentes para o ser e para nos dar algo. É a simplicidade que fez a carreira desta banda, ainda que com sonoridades ricas e expansivas. Exemplo disso é “Eat, Sleep, Wake (Nothing But You)”, um dos temas mais diversos do disco.

Um dos pontos altos do disco é indubitavelmente “I Worry Bout You”. Os contratempos e o regresso ao experimentalismo nato da banda fazem deste tema o mais suculento do regresso. Para quem cresceu bastante a ouvir So Long, See You Tomorrow, “Do You Feel Loved?” e “Let You Go” são uma bela trip down memory lane à adolescência. Regressamos assim a uma sonoridade opulenta que nunca foi devidamente apreciada dentro do indie rock inglês.

“Racing Stripes” termina o disco em beleza. É um shot de nostalgia para terminar o dia com este disco nos ouvidos e o sol a fraquejar em pleno inverno. O desejado regresso dos Bombay Bicycle Club aos discos – e aos palcos – é rechonchudo e traz muitas memórias com ele. Não se preocupem, temos toda uma década de música pela frente.

Texto de Carlota Real

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