Paul Newman, a vida extraordinária de um homem comum

por Pedro Fernandes,    22 Dezembro, 2023
Paul Newman, a vida extraordinária de um homem comum
Capa do livro
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Estrela de cinema, realizador de cinema, símbolo sexual dos anos 60, serviu na Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, piloto de automóveis de corrida, filantropo e empresário. Vencedor de 1 Oscar, 3 Globos de Ouro, 1 Emmy, 1 BAFTA e outros prémios. Casou 2 vezes, teve 6 filhos. A vida de Paul Newman foi tudo menos banal. Nascido a 26 de Janeiro 1925 em Ohio, nos EUA, viria a morreu a Setembro 26, 2008 aos 83 anos vítima de cancro. Neste livro, “Paul Newman: The extraordinary Life of an Ordinary Man” podemos encontrar o mais íntimo e rico relato daquilo que foi a sua vida. Como o próprio afirmou sobre a presente obra:

“Este livro nasceu da luta para tentar explicar tudo isto aos meus filhos. Quero deixar algum tipo de registo que esclareça as coisas, abra buracos na mitologia que surgiu à minha volta, destrua algumas das lendas e afaste as piranhas. Algo que documente o tempo em que estive neste planeta com algum tipo de exatidão. Porque o que existe no registo agora não tem qualquer relação com a verdade. É só isso que eu quero fazer”.

O seu pai era dono de uma loja de desporto e judeu, filho de emigrantes da Hungria e da Polónia. A mãe de Paul era cristã e vinha de uma família católica húngara. A mãe de Paul trabalhava na loja desportiva do marido e era dona de casa.

Paul Newman serviu na Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Queria ser piloto, mas acabou como operador de rádio, com algumas peripécias pelo meio. Esta é uma história interessante que o leitor pode descobrir no livro pela voz do próprio. As suas experiências na guerra viriam a ser importantes mais tarde na sua carreira como ator. Alguns episódios de medo e violência serviram como fonte de emoções para as suas personagens no cinema. 

Paul Newman foi casado duas vezes. Primeiro com Jackie Witte, que conheceu quando frequentava o Kenyon College, no Ohio. O casal casou-se em 1949 e tiveram três filhos juntos, mas divorciaram-se em 1957. Newman descreveu o casamento como um erro, observando que era demasiado jovem e imaturo para lidar com as responsabilidades do casamento e da paternidade. Em 1958, Newman conheceu o amor da sua vida, a atriz Joanne Woodward. Tudo aconteceu no cenário do filme “The Long, Hot Summer”. Apaixonaram-se e casaram-se mais tarde nesse mesmo ano. Tornaram-se um dos casais mais duradouros e amados de Hollywood, que durou até à morte de Paul em 2008. Durante o casamento, apareceram juntos em filmes, como “Rachel, Rachel”, “The Drowning Pool” e “Mr. and Mrs. Bridge” e também colaboraram em projetos filantrópicos. O casamento com Joanne é sem dúvida um dos pontos mais aliciantes do livro, em concreto, a maneira como ela o moldou em vários aspetos. 

A sua fama nasceu nas décadas de 1950 e 1960 pelos seus papéis em filmes como “The Hustler”, “Cool Hand Luke” e “Butch Cassidy and the Sundance Kid”. Ativo de 1949 a 2008, quase 6 décadas no ativo. Foi nomeado para 10 Óscares, entre 1959, com “Cat on a Hot Tin Roof”, e 2003, em “Road to Perdition”, um feito de uma regularidade notável. Acabaria por ganhar o famoso prémio em 1987 pelo seu papel como ator principal em “The Color of Money”, atuando ao lado de um jovem Tom Cruise. Também era conhecido pelo seu trabalho como realizador, em filmes como “Rachel, Rachel” e “The Glass Menagerie”.

Outra das suas grandes paixões eram as corridas de automóveis. Foi um piloto amador de sucesso. Começou a interessar-se por corridas no início da década de 70 e chegou a competir em corridas de carros desportivos e corridas de resistência, como as 24 Horas de Le Mans. Investiu na sua própria equipa de corridas, a Newman/Haas Racing, que competiu na série CART de 1983 a 2011 e ganhou vários campeonatos. Apesar do sucesso, sempre se descreveu como um simples “guerreiro de fim de semana” do que como um piloto profissional. Também utilizou a sua paixão pelas corridas para angariar fundos para caridade. Um dos seus filmes mais famoso é “Winning”, sobre um piloto que ambiciona ganhar o Indianapolis 500.

No entanto, a melhor faceta de Paul Newman foi aquela de filantropo. Doou milhões de dólares a várias causas ao longo da sua vida. Estava particularmente interessado em apoiar instituições de caridade para crianças, o ambiente, a educação e a investigação médica. Em 1982, criou a empresa alimentar Newman’s Own. A missão da empresa era criar produtos alimentares de alta qualidade e doar todos os seus lucros a instituições de caridade. Esta doou mais de 550 milhões de dólares a milhares de organizações de caridade em todo o mundo. Fundou também a SeriousFun Children’s Network, uma rede global de campos de férias e programas para crianças com doenças graves. A organização oferece às crianças a oportunidade de se divertirem e de se ligarem a outras que enfrentam desafios semelhantes, ao mesmo tempo que recebem os cuidados médicos e o apoio necessários.

Paul Newman foi também autor de muitas outras doações. A sua filantropia foi uma parte importante do seu legado, muito para além do cinema. Ele usava o seu sucesso mediático para ter um impacto positivo no mundo, e os seus esforços de caridade tiveram um impacto duradouro em inúmeros indivíduos e comunidades. É desta maneira que devemos recordar Paul, muito mais do uma bonita estrela de cinema. No entanto, ao ler o livro, o leitor dar-se-á conta de que Paul rejeitava essa faceta de filantropo! Sempre foi um anti-herói, dentro e fora do ecrã.

Em “Paul Newman: The Extraordinary Life of an Ordinary Man” temos acesso à cabeça de este homem interessante. O livro não é uma descrição histórica da vida de Paul Newman. É antes um conjunto de desabafos desde a sua infância no Ohio até à sua ascensão à fama em Hollywood e aos seus últimos anos como filantropo e humanitário. O livro pode ser complicado de seguir para quem não conheça bem a sua vida, também por isso fiz uma descrição dos feitos principais da vida de Paul, que pode servir de suporte à leitura do livro, se o leitor assim o entender. A estrutura do livro podia ter sido mais bem conseguida, com uma identificação clara do tema de cada capítulo, que poderia ser um evento, uma pessoa ou um período temporal. 

A obra, deixa o leitor mergulhar na personalidade complexa de este famoso ator e filantropo, descobrir inseguranças e, acima de tudo, que era humano, muito humano. O ponto forte do livro é a narrativa, já que esta possui a qualidade da verdade e da pureza que buscamos neste tipo de livros autobiográficos e de memórias. Newman utilizou a sua fama e fortuna para fazer a diferença. Outra das riquezas do livro é contar com vários comentários de pessoas que o conheciam bem, misturadas pelo meio das confissões de Paul.

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