Peça “Heisenberg – O princípio da incerteza” estreia na sexta-feira no Teatro Aberto, em Lisboa

por Lusa,    26 Junho, 2024
Peça “Heisenberg – O princípio da incerteza” estreia na sexta-feira no Teatro Aberto, em Lisboa
Fotografia de Filipe Figueiredo
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Um encontro acidental entre dois estranhos numa estação de comboios em Londres é o ponto de partida da peça “Heisenberg – O princípio da incerteza”, de Simon Stephens, a estrear-se na sexta-feira na Sala Azul do Teatro Aberto, em Lisboa.

Virgílio Castelo e Ana Guiomar dão corpo a Alex Priest e Georgie Burns, respetivamente, um homem de 75 anos e uma mulher de 38, que se encontram casualmente numa estação de comboios na capital britânica e a quem ela pede desculpa por o ter confundido com outra pessoa.

Alex, um talhante tímido, e Georgie, funcionária numa escola de primeiro ciclo com um discurso intempestivo, começam uma discussão, dando o mote para uma aproximação que vai acontecendo ao longo da peça.

Fotografia de Filipe Figueiredo

Pequenas cenas filmadas em Londres nos locais referidos pelo autor do texto vão aparecendo como cenário, incluindo o talho de Alex, de que este acaba por abdicar para se dedicar a Georgie.

Alex apaixona-se por Georgie e ela pede-lhe para que a acompanhe na busca por um filho desaparecido nos Estados Unidos da América, algo para o qual também vai precisar de dinheiro do talhante.

O “princípio da incerteza” do título da peça, definido pelo físico Werner Heisenberg, estabelece que “não se consegue determinar ao mesmo tempo a posição e o movimento de uma partícula com total precisão”.

Num cenário despojado, onde apenas uns retângulos são dispostos em cima uns dos outros de modo a formarem ora um banco ora uma mesa de restaurante ou uma cama, Alex vai atrás da mulher que, de mentira em mentira, acaba por conquistar o coração de um homem a quem não deixa de chamar velho.

Para Virgílio Castelo, a primeira pergunta que se impões nesta peça é “será que uma relação deste tipo pode existir na verdade ou não?”.

“Eu continuo a não ter resposta. Eu, Virgílio, continuo com dúvidas sobre este tipo de relação. Que é possível, é. Se é verdadeira ou não, continuo a não ter uma resposta”, afirmou aos jornalistas no final de um ensaio.

Já Ana Guiomar, que tem o papel com mais falas e, para o encenador João Lourenço, “o mais difícil”, a relação entre Alex e Georgie “é super verdadeira”.

A atriz até afirmou sentir-se “um bocadinho triste” se não acreditarem que a relação seja verdadeira.

Algo com que Virgílio Castelo, de 71 anos, se mostra renitente: “Ele tem 75, eu tenho 71. Não sei se alguém nestas idades, ou mesmo com 30 ou 40 acredita piamente”.

Sobre a escolha da peça, João Lourenço afirmou “gostar muito” dela: “Acho que a peça, aparentemente, é uma coisa muito simples, mas não é nada. É uma peça muito difícil; é uma peça muito difícil para o trabalho de ator e alguém que perceba de teatro sabe que isto é muito difícil de fazer”, porque “tem muitas camadas”.

“Heisenberg – O Princípio da Incerteza” estreou-se em Nova Iorque, em 2015, com Mary-Louise Parker e Denis Arndt nos papéis principais, e levou a que o ator fosse nomeado para um prémio Tony.

Sobre essa encenação, a cargo de Mark Brokaw, o New York Times escreveu: “O leque de possibilidades entre os espaços em ‘Heisenberg’ ressoa na mente do espectador muito depois de a peça ter terminado”.

Com texto de Simon Stephens, versão de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, que assinam, respetivamente, a encenação e cenário e a dramaturgia, a peça tem vídeo de Nuno Neves, figurinos de Marisa Fernandes, e luz de Anabela Gaspar.

A peça vai estar em cena até 28 de julho, com récitas à quarta e quinta, pelas 19:00, à sexta e ao sábado, às 21:30, e, ao domingo, às 16:00.

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