Pedidos de patentes portuguesas sobem 5,4% em 2023, acima da média da União Europeia
Os pedidos de patentes portugueses na Organização Europeia de Patentes (OEP) subiram 5,4% em 2023, acima da média da União Europeia (UE), com mais de metade a incluir mulheres portuguesas inventoras, foi hoje divulgado.
As empresas e inventores portugueses apresentaram 329 pedidos de patentes na OEP, de acordo com o Patent Index 2023, o que se traduz num “recorde histórico”. O número de pedidos de patentes cresce “21% desde 2019, refletindo o crescente ambiente de inovação no país”, diz a OEP.
“A NOS Inovação, a Universidade do Porto e a Sword Health registaram o maior número de patentes junto da OEP” neste período.
Em termos da contribuição das mulheres para a inovação, 52% dos pedidos de patentes provenientes de Portugal feitos na OEP em 2023 nomearam pelo menos uma mulher como inventora, “uma boa razão para celebrar um passo promissor em direção à igualdade de género”, afirma, em declarações à Lusa, a coordenadora regional na direção de relações internacionais da OEP, Inês Vieira Lopes.
“Portugal está bem acima da taxa média dos Estados-membros da OEP de 27%”, sublinha, destacando que, segundo o estudo da OEP, “Portugal, juntamente com Espanha e Grécia, apresentou a taxa mais elevada de mulheres inventoras nos últimos anos”, sendo que “isto faz parte de uma tendência portuguesa mais ampla – progrediu do quarto para o primeiro lugar no ‘ranking’ entre 1990 e 2019”, prossegue.
Inês Vieira Lopes considera que, “apesar das estatísticas mais recentes do Patent Index mostrarem uma tendência muito positiva relativamente à presença de mulheres inventoras nos pedidos de patentes apresentados à OEP” em 2023, ainda há “um caminho para consolidar em termos de igualdade de género”.
“O nosso estudo anterior sobre a presença de mulheres na atividade de patenteamento de invenções revelou que as mulheres estão mais frequentemente em equipas que trabalham em universidades e centros de investigação públicos”, diz.
Quase metade dos 10 principais requerentes de patentes portugueses correspondem às universidades do Porto, Aveiro, Minho, Raiz – Instituto de Investigação da Floresta e Papel e INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência”, adianta, apontando que “vários estudos indicam que as mulheres estão mais presentes em algumas áreas técnicas, como as ciências da vida ou a química, do que outras, como a engenharia mecânica”.
Este enquadramento “também coincide com o panorama português, uma vez que as tecnologias relacionadas com a saúde representam três dos cinco principais campos portugueses”.
Inês Vieira Lopes sublinha que “várias instituições estão a envidar inúmeros esforços para promover a presença das mulheres na ciência e nas tecnologias, incentivando-as a seguir uma carreira nas áreas STEM [sigla que designa em inglês Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática]”.
O aumento da participação das mulheres na ciência e na inovação “será um fator-chave para a futura sustentabilidade e competitividade da Europa”, defende.
O Norte de Portugal continua a liderar o ‘ranking’ regional, com 158 pedidos de patentes registados na OEP, uma quota de 48% do total, seguindo-se o Centro e Lisboa, com 73 e 72, respetivamente. O Centro registou “uma queda de quase 30%” nos pedidos de patentes, comparativamente a 2022, refere a OEP.
A OEP recebeu no total 199.275 pedidos de patentes em 2023, um aumento de 2,9% “e o número mais elevado até à data”, com cerca de 43% apresentados por empresas e inventores dos 39 Estados-membros da OEP, enquanto 57% tiveram origem fora da Europa.
Os cinco principais países de origem dos pedidos de patentes europeias foram EUA, Alemanha, Japão, China e República da Coreia.
O número de pedidos de patentes dos 39 Estados-membros da OEP subiu 1,8% para 85.748, sendo que o crescimento global “foi alimentado, principalmente, pelos aumentos acentuados” da Coreia (+21%), que entrou no ‘top 5’ pela primeira vez, e da China (+8,8%), que mais que duplicaram desde 2018.
“A Huawei foi novamente o principal requerente na OEP em 2023 (aumentando significativamente os seus pedidos para mais de 5.000), seguida pela Samsung, LG, Qualcomm e Ericsson”. O ‘top 10’ “inclui quatro empresas da Europa, duas da República da Coreia, duas dos EUA e uma da China e do Japão”.