Peter Lindbergh. Pela carreira do fotógrafo de moda do preto e branco e da estética naturalista

por Liliana Pedro,    6 Setembro, 2019
Peter Lindbergh. Pela carreira do fotógrafo de moda do preto e branco e da estética naturalista

O fotógrafo alemão Peter Lindbergh morreu esta semana, dia 3, aos 74 anos, deixando o universo da fotografia de moda mais pobre. A estética a preto e branco e o naturalismo marcaram a sua carreira.

Capítulo I: As influências e arte

Lindbergh nasceu em 1944, no atual território da Polónia, e passou a sua infância em Duisburg, uma vila conhecida pela sua indústria e inúmeras praias, o que influenciou, mais tarde, a sua estética fotográfica.

Entre Berlim e a Alemanha, a arte esteve sempre no centro dos seus estudos académicos. Na década de 60, Peter Lindbergh seguiu as pisadas do seu ídolo, Vincent Van Gogh, e viajou para os Arles. Numa entrevista, afirmou que “preferia procurar as inspirações de Vincent Van Gogh do que pintar os retratos e as paisagens nas escolas de arte.”

Antes de concluir os seus estudos, Lindbergh foi convidado a apresentar o seu trabalho na Galerie Denise René.

Capítulo II: A fotografia e a moda

A fotografia apareceu na sua vida em 1971. Durante dois anos, trabalhou com o renomeado fotógrafo alemão Hans Lux, com quem aprendeu a arte fotográfica. Em 1973, abriu o seu próprio estúdio, iniciando, assim, a sua carreira em nome próprio.

Anos mais tarde, mudou-se para Paris. Na cidade da moda, Peter Lindbergh, rapidamente, ficou conhecido junto da indústria, passando a trabalhar com modelos, estilistas e revistas, como a Vogue, a Vanity Fair e a Harper’s Bazaar. Entre as inúmeras capas com a sua assinatura, a edição de janeiro de 1990 da Vogue britânica é das mais icónicas de sempre, pois reuniu algumas das supermodelos mais conhecidas da altura: Naomi Campbell, Linda Evangelista, Tatjana Patiiz, Christy Turlington e Cindy Crawford. Esta capa levou a George Michael convidar as supermodelos para o videoclipe do hit “Freedom ’90”. O designer italiano Gianni Versace não se quis ficar atrás. Em 1991, no desfile da coleção outono-inverno, levou até à passarela Naomi, Linda, Tatjana, Christy e Cindy. Estava, assim, inaugurada a época das supermodelos.

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Peter Lindbergh era adepto das fotografias a preto e branco, pois, segundo o próprio, elas transmitem a verdadeira beleza de quem está do outro lado da câmara. Em 2008, numa entrevista à historiadora Charlotte Cotton, Lindbergh afirmou que: “Cada vez que tento fotografar a cores, as fotografias acabam por parecer uma publicidade de cosméticos falhada. O que é mais impressionante no preto e branco é que ele dá-nos a sensação de realidade.”

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Peter Lindbergh fez três edições do célebre calendário Pirelli. Na edição de 2017, fugiu à tradição. Colocou de parte o nu e usou atrizes de cinema em vez de modelos. “Atualmente, o papel dos fotógrafos de moda é mostrar que temos que libertar as mulheres, e todos, do terror da perfeição e da juventude”, afirmou Lindbergh, citado pelo jornal El País, na apresentação do calendário. “Num momento em que as mulheres são representadas como embaixadoras da beleza e da perfeição, pensei que era importante lembrar que há uma beleza diferente, mais real e autêntica, que não é manipulada pela publicidade nem nada”, concluiu.

Capítulo III: O cinema e música

Peter Lindgber deixou a sua marca no cinema e na música. Para além de ser autor de vários posters promocionais de filmes, incluindo do recente filme “A Star Is Born”, Lindbegrh foi também diretor de inúmeros documentários, tais como: Models, The Film, Inner Voices, que ganhou o prémio de melhor documentário no Festival Internacional de Cinema de Toronto, e Pina Bausch, Der Fensterputzer.

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Na música, fotografou capas de singles de Jane Birkin, Tina Turner e Lionel Richie. Lindbger ainda se aventurou na direção do videoclipe de “Missing You”, de Tina Turner, e de “The Last Party”, do cantor Mika.

Peter Lindbergh faleceu aos 74 anos, em Paris, a cidade onde começou a sua carreira de fotógrafo. Hoje, é uma inspiração para muitos que pretendem seguir as suas pisadas e singrar no mundo da fotografia de moda. Só nos resta dizer: Long live, Peter Lindbergh.

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