Peter Stein, Declan Donnellan, Batsheva e estreias em teatro e dança no Festival de Almada
O Festival de Almada recebe este ano 20 espetáculos nacionais e internacionais, distribuídos por nove palcos, que incluem propostas dos encenadores Peter Stein e Declan Donnellan, da companhia Batsheva, e duas estreias nacionais, numa edição que homenageia João Mota.
A apresentação da programação da 40.ª edição do Festival de Almada, que decorre entre 04 e 18 de julho, foi feita ontem e revelou que, para celebrar a efeméride, vão ser apresentados “alguns dos mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais”.
Entre os 20 espetáculos de teatro, dança e novo circo previstos, dos quais oito portugueses e doze estrangeiros, contam-se criações dirigidas por alguns encenadores já conhecidos do Festival, como é o caso do alemão Peter Stein, e do inglês Declan Donnellan, que abordam dois textos basilares da dramaturgia universal: “O aniversário”, de Harold Pinter, com Maddalena Crippa no elenco; e “A vida é sonho”, de Calderón de la Barca, numa produção da Compañía Nacional de Teatro Clásico.
De regresso está também a Schaubühne de Berlim, desta vez com uma encenação do suíço Milo Rau, revelam os programadores, adiantando que este ano se apresentam, pela primeira vez no festival, a Batsheva Dance Company, com uma peça do seu coreógrafo residente, o israelita Ohad Naharin, bem como os coreógrafos Martin Zimmermann e Yoann Bourgeois (da Suíça e de França, respetivamente), e o coletivo francês Galactik Ensemble.
A Schaubühne, que já foi dirigida por Peter Stein, traz desta vez uma criação em que o teatro dialoga com o vídeo, numa interpretação a cargo de Ursina Lardi, uma das mais aclamadas atrizes do elenco da companhia alemã, a ser apresentada no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, como a companhia avançou em março, à agência Lusa.
A Batsheva Dance Company, de Telavive, detentora de um ensemble numeroso, que conta com mais de quarenta bailarinos originários não só de Israel, mas de vários pontos do mundo, apresentará no Grande Auditório do CCB a mais recente criação de Ohad Naharin, seu coreógrafo residente há 20 anos.
Os coreógrafos Yoann Bourgeois e Martin Zimmermann inscrevem-se na disciplina artística conhecida como ‘novo circo’, “mas que na verdade é difícil de catalogar”, porque cruza teatro com a dança, a música e a acrobacia, em espetáculos de “forte componente visual”, segundo a organização.
O francês Yoann Bourgeois traz a Almada “Minuit”, ao passo que o suíço Martin Zimmermann propõe “Eins, zwei, drei”, um ‘cabaret-punk’ interpretado pelo bailarino português Romeu Runa.
Quanto ao coletivo francês Galactik Ensemble — que estará pela primeira vez em Portugal -, é constituído por um conjunto de acrobatas formados na Escola Nacional de Artes do Circo, de Rosny-sous-Bois, e apresentará “Optraken”, um espetáculo de novo circo, cujo ponto de partida consistiu numa “reflexão sobre o Homem e a relação que desenvolve com um meio hostil”.
A programação do Festival de Almada vai contar ainda com a estreia de duas peças portuguesas, uma pela Companhia de Teatro de Almada, “Calvário”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco, outra pelo Teatro Griot, em coprodução com os Artistas Unidos – “Ventos do apocalipse”, de Noé João, a partir do romance da escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio Camões 2021.
Os espetáculos serão distribuídos por nove palcos de Almada (Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense) e Lisboa (Centro Cultural de Belém).
As assinaturas, que dão acesso a todos os espetáculos, podem ser adquiridas através da página ctalmada.pt, no Teatro Municipal Joaquim Benite, e nas lojas FNAC, tendo um valor de 85 euros.
O orçamento desta edição do Festival de Almada foi de 606 mil euros, dos quais 452 mil provenientes das subvenções do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Almada, e 154 mil são receitas próprias da Companhia de Teatro de Almada.